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TÓPICO:

Comitês de ética 17 anos 4 meses atrás #803

Maria Luiza escreveu:
> Olá Sergio
>
> Meu nome é Maria Luiza, e fui eu quem pediu para que o Laerte intermediase esse contato.
> Como falei antes, estamos muito atrasados nessa luta por aqui, mas concordo contigo... os comitês são uma forma de manter a coisa toda sob uma aparência de bem estar... isso é péssimo... Nós não queremos "ética na vivissecção"... nós simplesmente não queremos vivissecção... só não sabemos como conseguir isso. Por isso pensamos que seria importante ocupar esse espaço, principalmente para começarmos a conhecer toda a máquina, quem é quem, e amadurecermos nesse assunto. É possível que eu esteja totalmente enganada, por isso aproveito esse primeiro contato para perguntar tua opinião... achas melhor não aceitarmos e encaminhar a luta em outro sentido? em qual, já que estamos iniciando essa luta (mas mesmo no início já estamos sentindo grande resistência dos pesquisadores, e mesmo de professores que utilizam animais em sala de aula e o seu poder diante de legisladores, que recusam qualquer medida que venha a proibir, ou restringir o uso de animais).
>
> Agradecemos imensamente teu contato, e estou repassando esse e-mail com cópia para nossa amiga de Pelotas.
> Aguardamos teu retorno e tuas orientações
>
> Ao Laerte, obrigada pela força
>
> bjs
> mluiza


Oi Maria Luiza:

O caminho de fato não é entrar em um comitê de ética para conhecer a máquina, porque isto te tornará parte dela. Veja o exemplo de Peter Singer que em 1974 escreveu um livro que foi um marco no movimento e hoje admite que em alguns casos precisamos sim usar animais. Como será quando a instituição for defrontada e alegar "mas existem protetores de animais em nosso comitê de ética, eles mesmos são testemunhas de que os animais aqui recebem o tratamento que merecem".

Já fui convidado a compor 3 comitês de ética. É simplesmente inaceitável. Quem sou eu para dizer que animal pode e qual não pode morrer, qual procedimento é certo e qual é errado? Qual o limite da dor que é aceitável ou não? Não devemos conceber nem apoiar comitês.

O caminho é convencer os estudantes de que participar de aulas que empreguem animais de forma prejucial, além de anti-ético não contribuirá em nada com seu nível de aprendizagem. Quando mais e mais estudantes recusarem-se a participar de tais aulas a instituição se verá forçada a buscar por outros métodos. Este é o melhor caminho possível.

abraços

Sérgio Greif

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Re: Comitês de ética 17 anos 3 meses atrás #805

Maria Luiza escreveu:
>>oi
>>
>>mais uma vez concordo contigo...
>>agora tenho que dar uma saida, mas volto mais
>>tarde e vou reler teu
>>e-mail e pensar um pouco mais, especialmente nas
>>alternativas que temos,
>>espero que não te importes se precisar te
>>escrever novamente... essa é
>>uma questão bem complicada... em geral, o
>>movimento de proteção está
>>inclinado aos comitês... mas sei que isso é
>>feito sem uma avaliação mais
>>profunda... enfim, temos muitos aspectos para
>>avaliar, discutir, afinar
>>e implementar entre os protetores... agora vou
>>mesmo, que já estou
>>atrasada...
>>
>>muito obrigada, por enquanto...
>>
>>bj
>>mluiza



>> Oi Maria Luiza:
>>
>>Embora a maior parte dos protetores de animais
>>estejam inclinados a
>>apoiar os comitês de ética, precisamos ser
>>firmes na posição de que isto
>>não levará à abolição do uso de animais, mas sim
>>à sua regulamentação, o
>>que não é nosso objetivo.
>>
>>Sinta-se livre para me escrever e te ajudarei
>>dentro de minhas
>>possibilidades
>>
>>beijos
>>
>>Sérgio

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Re: Comitês de ética 17 anos 3 meses atrás #806

Sérgio, de um ponto de visto talvez totalmente ingênuo, vislumbro a
> seguinte situação: a única atitude ética é não testar, logo, se eu
> participasse do comitê de ética, lutaria pra que nenhum projeto fosse
> aprovado! Isso é impossível? isso seria abolicionista, certo?
> beijos.


Carlos:

Você está certo em seu pensamento, se me fosse possível fazer parte de um comitê de ética e a minha decisão fosse determinante para ocorrer ou não a experimentação sem duvida eu aceitaria fazer parte destes comitês, porque eu simplesmente impediria todos os procedimentos. O que acontece é que estes comitês são compostos por no mínimo 10 pessoas. Todas elas com o mesmo direito ao voto. Supondo que haja apenas um abolicionista, seriam 9 votos contra um. O experimento seria realizado de toda forma, mas com a aprovação de um comitê de ética.


abraços

Sérgio

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Re: Comitês de ética 17 anos 3 meses atrás #807

Enviado por: "pretovelho@riseup.net" Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
<mailto>



Ter, 28 de Nov de 2006 3:49 pm

Eu, a princípio, tenho dúvidas sobre o acompanhamento de dados (para
ajudar outros animais e eles próprios) e experimentação terapêutica (para
ajudar o próprio animal).

O que seria isso? Por exemplo, pegar um cão que foi abandonado na rua com
cinomose e tentar tratá-lo com medicamentos em teste (quando não existir
outro tipo de medicamento que possa curá-lo). Ou simplesmente acompanhar
dados e reações de animais à diferentes dietas (dietas que já são
administradas pelos guardiões e ambas consideradas adequadas). São coisas
que tem que ser muito bem documentadas e até acompanhadas por um comitê
genuinamente ético, o que se vê hoje. Comitês de éticas tem sido apenas
uma fachada bonita para o extermínio e tortura. O que vcs acham disso??
São contrários? Eu ainda não tenho opinião muito bem formada sobre esses
casos específicos.

Uma certeza: não usar animais para fins humanos, se os testes forem para
beneficio humano, sou contra.

Abraços


Oi Preto Velho

Especificamente nestes casos um comitê de ética teria sido criado para cuidar dos interesses do animal, tal qual são criados os comitês de ética para experimentação com seres humanos para defender os interesses do paciente. Os comitês de ética que combatemos nada tem a ver com isto, porque eles sequer reconhecem os direitos elementares do animal. O animal pode ser injetado, cortado, queimado, enjaulado etc desde que estes procedimentos possam ser justificados cientificamente e que existam "garantias" de que o animal não sofrerá desnecessariamente.
Da forma como você relatou me parece que o animal é um paciente. Há interesses reais de que ele se recupere. Nem é o caso de animais de rua, mas animais que possuem familia e que adoecem e na falta de outro tratamento, a familia coloca suas esperanças em um novo tratamento. Isto sim mereceria um comitê de ética autêntico.

abraços

Sérgio

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Re: Comitês de ética 17 anos 3 meses atrás #808

oi Sérgio

Concretamente sabemos que para todas as atividades acadêmicas existem alternativas ao uso de animais... mas te pergunto.... para as pesquisas... conseguiremos encontrar métodos substitutivos? Se sim, acho que vale a pena estar lá dentro pra tentar bloquear as pesquisas, apresentar essas alternativas aos estudantes e com isso fomentar uma reação dentro da própria universidade....pois se existem outras possibilidades (que não o uso de animais) podemos, inclusive, recorrer ao MP (como lembrou a Paula)... mas se não, aí concordo contigo... ficar lá para assistir os experimentos não nos levará a lugar algum... Acho que nesse momento, a grande dúvida que está na cabeça de muita gente da proteção (inclusive a minha) é: temos condições de apresentar alternativas para qualquer pesquisa que utilize animais?

Veja bem, somos contra a exploração dos animais em qualquer lugar (pesquisas, diversão, alimentação, etc...) mas precisamos encontrar caminhos para combatê-la. Nós, por exemplo, não sentamos para fazer projetos de adoção ou feirinhas de sensibilização organizadas por CCZs que adotam a prática do extermínio como forma de controle populacional... é, como dissestes antes, "fazer parte da máquina"... Já recusamos convites para o "chá das cinco" com o coordenador da zoonoses de porto alegre... avisamos que só sentariamos para conversar se parassem com as mortes. Entendo que participar dos comitês é uma situação semelhante, mas pode não ser igual, se conseguirmos trancar as pesquisas, através da apresentação de alternativas... Talvez essa idéia seja utópica, e não tenhamos como concretizá-la... Começo a pensar que é ingenuidade nossa pretender tal fato, se tu mesmo, que tens conhecimento sobre este assunto, recusastes fazer parte de comitês... estou achando que não teremos a menor chance...
Ainda ficamos com outra questão pendurada, que é a obrigatoriedade de um membro da proteção animal nos comitês e o empenho de alguns promotores em fazer cumprir essa determinação...(esclareça-se que o mp tem sido parceiro em muitas questões envolvendo os animais).

De minha parte, prometo te dar uma folga depois desse e-mail...

mais uma vez, agradeço

bj e boa noite
mluiza


Maria Luiza

Se fosse possível fazer parte de um comitê de ética e bloquear as pesquisas eu certamente gostaria de fazer parte, mas o que acontece é que estes comitês são compostos por no mínimo 10 pessoas. Todas elas com o mesmo direito ao voto. Supondo que haja apenas uma pessoa contra e 9 a favor, as pesquisas continuam e com o nosso aval. O experimento seria realizado de toda forma, mas agora ainda tem a aprovação de um comitê de ética.

Você não precisa fazer parte do Comitê para saber quais pesquisas são conduzidas e pesquisar alternativas pra depois entrar com ação no MP. Sobre sua pergunta "temos condições de apresentar alternativas para qualquer pesquisa que utilize animais?" não é obrigação dos protetores de animais apresentarem alternativas a todos os experimentos, mas sim contestar a validade das pesquisas com animais. O pesquisador é quem recebe o salário pra pensar. Ele que estudou e é dele o interesse em obter resultados destes experimentos. Ele é que tem que ir atrás das alternativas. O que vocês tem que fazer é jamais apoiar, de forma nenhuma, pesquisa com animais. Questionar sempre. As alternativas quem tem que apresentar são eles. Eventualmente, se nós sabemos de alguma alternativa para aquele experimento em particular podemos apresentar, mas isto não é nossa obrigação, é deles.

beijos

Sérgio

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Re: Comitês de ética 17 anos 3 meses atrás #815

Oi Sergio

entendo o que colocastes, mas sinceramente não acredito que os pesquisadores, que não tem nenhum interesse na mudança, que não respeitam os animais, que os consideram "peças", que justamente eles vão correr atrás de alternativas... A obrigação até pode ser deles, mas deves saber muito melhor do que eu, que o interessse não... o interesse é nosso em encontrar a alternativa e, caso o comitê aprove aquela com o uso de animais, nós devemos procurar a mídia, o ministério público e abrir mais esse viés nas denúncias: "existem alrternativas, o resultado é o mesmo e não querem"... acho que esse apelo dentro de uma universidade teria bastante força e nos colocaria numa posição de certa forma privilegiada, pelo fato de contestarmos apresentando as "provas", e eles passariam a ser questionados pelos próprios alunos... acho que seria uma alternativa, por isso te perguntei se para o tipo de pesquisa que é feito nas universidades teriamos como apresentar alternativas... se elas existem, acredito que esse pode, sim, ser um outro caminho para a luta... mas se não existem, bem, ai temos que mudar o discurso. Pois o que nos interessa é combater o uso de animais nas pesquisas, mas só falando de ética (para quem não está preocupado com ela) não acredito que tenhamos alguma chance de mudança...
E confesso que não tenho muita esperança nos alunos (se não apresentarmos a prova de que os animais são prescindíveis)... nos encontros e no último simpósio que participei, deu pra notar que a maioria dos alunos aprova o uso de animais... certamente pela péssima influência de um corpo docente arcaico e reacionário...

Na verdade, vou ter que processar todas as coisas que falastes, confesso que minha cabeça está girando a mil, não estou segura com nenhuma das possibilidades (nem dentro nem fora dos comitês) ...todos os caminhos que estou vendo me parecem muito aquém das nossas necessidades, muito demorados, insatisfatórios...
buenas, mas isso é um conflito meu, e não vou te chatear com ele...só gostaria de reforçar que não sou partidária, e nunca fui, de trabalhar junto com o "inimigo", na tentativa de ir minando a atividade dele... se é pra entrar na trincheira, tem que ser explodindo com tudo... só que pra isso precisamos de munição, e é essa munição que não tenho...

Certamente volto a te procurar, mas por enquanto, muito obrigada pela tua atenção e gentileza e não vou esquecer que mesmo "talvez" discordando em alguns pontos de encaminhamento, podemos contar com teu conhecimento e experiência...

bj
mluiza


Oi Maria Luiza:

Claro, podemos ir atrás de métodos substitutivos e demonstrá-los, o que coloquei é que isto não deve ser nossa obrigação.

Não temos nenhuma obrigação de passar nossas vidas pesquisando alternativas para todo experimento que os pesquisadores queiram desenvolver, até porque isto seria impossível. Um único departamento de uma boa universidade desenvolve dezenas de projetos simultaneamente. Não teriamos como entender todos estes projetos com o nível de profundidade que a pessoa que o propõe e além disto ir atrás de outros métodos, até porque pode-se supor que ninguém ainda se preocupou em desenvolver alguns destes, não por um problema técnico, mas de interesse. Cada pesquisador tem sua linha de pesquisa muito específica, a maioria destas pesquisas jamais interessaram a outros antes deles. É assim que funciona a carreira acadêmica.

Se, por outro lado, os animais não mais fossem vistos como recursos, os próprios pesquisadores veriam a busca de alternativas como uma necessidade. Diz o ditado que a "necessidade é a mãe da invenção". Métodos de pesquisa sem animais pipocariam em toda parte.

Por outro lado, nada impede que o comitê aprovando a pesquisa com animais, uma pessoa que tenha interesse (e que não precisa pertencer ao comitê) apresente uma alternativa e demonstre que o comitê de ética é algo furado. Mas como disse esta pessoa não deve fazer parte do comitê, porque se a pesquisa foi aprovada ela de certa forma consentiu.

beijos

Sérgio

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