Feijoada Vegetariana
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VITÓRIA PARA OS ATIVISTAS VEGETARIANOS
Faz 20 anos que no dia 20 de março comemora-se o Dia Mundial Sem
Carne. Nesse ano, os ativistas da cidade de São Paulo comemoraram a
data pela primeira vez e com muito sucesso.
Quando eu inscrevi a atividade junto ao FARM, organização baseada nos
Estados Unidos que coordena as atividades do Dia Mundial Sem Carne com
os grupos que se inscrevem de diversos países, eu o fiz sem consultar
previamente o nosso grupo. Fiz assim porque sabia da vontade de todos
em fazer ações dessa natureza e porque tinha a certeza de que
estávamos fortes e organizados o suficiente para fazer desse um evento
bem-sucedido, sem deixar nada a desejar em relação aos eventos
estrangeiros da mesma data. Depois de muito trabalho e planejamento
estávamos realmente prontos para o primeiro evento organizado para o
Dia Mundial Sem Carne no Brasil.
Com a ajuda dos parceiros habituais e alguns novos, no dia 10 de março
imprimimos 15.000 informativos sobre vegetarianismo, nos quais
constava também um convite para comparecer no local combinado: Avenida
Paulista com Alameda Ministro Rocha Azevedo. Dez dias depois, tivemos
que pedir para as pessoas recolherem alguns informativos dos pontos de
distribuição, pois tínhamos apenas 2.000 informativos para distribuir
no dia. É verdade que atendemos algumas solicitações e enviamos uma
quantidade para grupos em Brasília e Belo Horizonte, mas ainda assim
essa distribuição aconteceu em velocidade recorde. Difícil foi
conseguir alguns de volta, pois já estavam praticamente esgotados.
No sábado de manhã, o grupo compareceu para participar de uma coleta
de sangue que servirá de material para um estudo científico e, estando
já no local de costume, fizemos a última reunião antes do evento.
Algumas faixas chegaram fresquinhas e delegamos as tarefas e
responsabilidades para o dia seguinte.
No horário marcado, às 11 horas da manhã de domingo, já estava tudo
montado. A mesa de informações, o caminhão de vídeo e a primeira
faixa. Foram chegando as pessoas, os panfletos, mais faixas. Os
remanescentes dos 15.000 esgotaram-se no tempo certo, bem no final da
ação. Antes disso, lá pelas 13:00, no momento em que a calçada
escolhida atingiu a maior concentração, chegou a feijoada vegana e a
fila logo se organizou, sem tumultuo. Servimos mais de 600 refeições,
com direito a arroz integral e farofa. É claro que teve quem se serviu
duas (ou mais) vezes, mas também teve quem deixou o local antes de
chegar a feijoada. Portanto, foi esse o número estimado de pessoas que
participaram do evento: 600. Um número nunca antes registrado em uma
manifestação vegetariana na cidade. Mais um recorde!
Ainda assim, o número de pessoas a passar por lá foi muito maior, se
contarmos os pedestres e motoristas que receberam os informativos e
viram as faixas. Foram cerca de 3.500 informativos distribuídos no
local. E parecia que tinha feijoada para todos esses, já que, depois
de tudo terminado e um breve descanso, o grupo responsável pela
distribuição seguiu para compartilhar o restante (metade do total) com
moradores de rua do centro da cidade, que não viram nada do que
aconteceu, mas ainda assim puderam saborear a deliciosa feijoada
vegana. Não é esse o espírito do que pretendíamos? Compartilhar com
outros, ainda que desconhecidos, aquilo que temos como ideal. E
compartilhar entre nós mesmos esse espírito, pois essas ações não
servem apenas para informar e inspirar desconhecidos, mas também para
confraternizarmos e formarmos redes. Eu não sei o que os outros viram,
mas eu vi muita coisa, vi principalmente pessoas:
Teve gente que saiu cedinho de Minas Gerais só para prestigiar o
evento, voltando para lá no mesmo dia, satisfeito. Teve gente que veio
do interior do estado, com o mesmo propósito, determinado. Teve gente
que veio de mais perto e teve gente que veio sem dormir, embora
desperto. Teve quem viesse de tatuagem, acessórios e piercing, e quem
viesse de vestimenta salmão cantando para todos que ouvissem. Teve
quem viesse com criança ou seu animal de estimação, a quem consideram
seu irmão. Teve quem viesse de um lugar qualquer, desavisado, saindo
surpreso e bem informado.
É com muito orgulho que parabenizo o grupo de ativistas da cidade de
São Paulo por essa realização. Cada um de vocês contribuiu de maneira
essencial para o sucesso desse evento. Graças ao nosso esforço
coletivo, mobilizado na forma de reuniões, trocas de mensagens, horas
de planejamento e articulação, além de corridas até a zona cerealista,
gráfica e pontos de divulgação é que conseguimos tocar muitas pessoas
de maneira imensurável – é difícil medir a extensão da consciência que
pode ser desperta em ações dessa natureza.
Eu conversei com gente que passava por ali por acaso e quis saber
mais. Conversei ainda com gente que já havia experimentado o
vegetarianismo, mas não teve apoio suficiente para continuar e agora
ganhou nova força e inspiração. Eu vi muitos companheiros fazendo o
mesmo. O impacto disso não pode ser medido, pois não sabemos quantas
pessoas inspiramos nem tampouco em que grau o fizemos. Mas certamente
fizemos e isso é uma grande vitória, à altura do nosso esforço e
dedicação.
Que essa vitória possa inspirar muitas outras para o nosso grupo e
para outros que tanto desejam realizar. Nosso calendário de atividades
para o resto do ano está quase pronto e, continuando a unir o esforço
dos poucos que contribuem com muito com o esforço dos muitos que
contribuem com um pouco, certamente teremos muitos eventos muito
bem-sucedidos e, mesmo que frente à imensidão daquilo que ainda é
necessário fazer isso signifique pouco, quando se trata do sofrimento
animal sabemos que esse pouco já significa muito.
Sucesso sempre aos ativistas pelos direitos dos animais!
George Guimarães
Coordenador da Sociedade Vegetariana Brasileira em São Paulo
nutriveg@terra.com.br
www.nutriveg.com.br
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