O Vegetarianismo é o
Novo Prius
(carro híbrido dirigido por Di Caprio)
Publicado sábado, 20
de Janeiro de 2007 no Huffington Post
Nota do Editor(*) É importante lembrar que mais
de 70% das emissões de gases de efeito estufa
brasileiras são resultado do desmatamento e das
queimadas na floresta amazônica. Conseqüentemente é preciso
reconhecer os motivos da destruição: o
comércio de madeira, as pastagens e o plantio
de soja.
Por Kathy Freston
Traduzido por Clarissa Taguchi(*)
O presidente Norte Americano, Herbert
Hoover, uma vez prometera “uma galinha em cada panela e em um carro
em cada garagem.” Com avisos sobre o aquecimento
global alcançando níveis assustadores,
muitos estão repensando os resultados que englobam
tais carros. Mas parece que deveriam, preferivelmente,
se preocupar sobre as galinhas.
Mês passado, as Nações Unidas publicaram
um relatório sobre animais de criação
e o meio ambiente, chegando a uma conclusão perturbadora: “O
setor de criação de animais emerge entre
um dos dois ou três maiores contribuintes dos piores
problemas ambientais, e isso em qualquer escala, seja
global ou local.” O estudo mostra que a criação
de animais para alimentação é uma
das causas principais da degradação do
solo, da poluição do ar, da falta de água,
da poluição da água, da perda do
biodiversidade e ainda, do aquecimento global.
Isso mesmo, aquecimento global.
Você já ouviu
a história provavelmente: as emissões de
gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono,
estão mudando nosso clima. E os cientistas advertem
para a chegada de um clima mais instável, extremo,
com possibilidade de inundações, de epidemias
e de extinções maciças. A conclusão é que
se pudéssemos sair por um tempo e voltar, nos
questionaríamos o que aconteceu com o inverno
e imediatamente pensaríamos no que servimos para
o jantar à noite passada.
O relatório das N.U. diz que quase um quinto
das emissões para o aquecimento global vem dos
animais de criação (isto é, daquelas
galinhas que o Hoover se referia, mais os porcos, o gado,
e outros) – isso significa mais emissões
de gases do que todo o transporte do mundo combinado!
Por uma década, a imagem de Leonardo DiCaprio
circulando em seu carro híbrido Toyota Prius,
ajudou a definir um padrão de excelência
para o ambientalismo nos EUA. Estes veículos transformaram-se
num símbolo verdadeiro do poder dos consumidores
em se engajar numa solução com relação
ao aquecimento global. Pensando apenas: um carro podendo
cortar as emissões de veículos ao meio
- em um país responsável por 25% das emissões
de gás totais do efeito estufa no mundo. Com os
padrões federais do setor de energia perdendo
força no Congresso Norte Americano, e na milhagem
média percorrida por veículo em seu nível
mais baixo nas últimas décadas, o Prius
mostrou aos Norte Americanos que uma outra maneira é possível.
Porém, a Toyota não pode importar carros
tão rapidamente para abastecer a demanda.
Ano passado pesquisadores da Universidade
de Chicago colocaram o caso do Prius como referencia
de um estudo quando viraram sua atenção a uma outra
mercadoria geradora de gás. Perceberam que tratar
animais para obtenção de carne, leite e
ovos, requer o consumo de algo como dez vezes mais do
que necessitaríamos ao comer o que a primavera
oferece, nuggets falsos de galinha, e os outros alimentos
vegetais.
Além disso, ainda temos que transportar os animais
aos abatedouros, abatê-los, refrigerar suas carcaças,
e distribuir sua carne refrigerada através de
todo o país. Produzir uma caloria de proteína
de carne significa queimar mais de dez outras calorias
de proteína vegetal, em combustíveis fosseis – e
ainda derramar dez vezes mais dióxido de carbono
na atmosfera.
Os investigadores perceberam com
a conta acima que o americano médio faz mais para reduzir as emissões
de aquecimento globais através do vegetarianismo
do que comprando um Prius.
De acordo com o relatório das NU, a situação
piora quando incluímos a vasta quantidade de terra
necessária a nos prover de filés e costelas.
A agropecuária toma conta de incríveis
70% de toda a terra agricultável, e 30% da superfície
total de terra do planeta. Em conseqüência,
os animais de criação são provavelmente
a causa maior de desmatamento e das queimadas, destruindo
as florestas originais do mundo.
Hoje, 70% da Amazônia tropical original é usada
como pasto, e os cultivares para ração
cobrem o restante. Estas florestas ainda servem como “dissipadores” de
dióxido de carbono absorvente do ar, e queimar
estas florestas libera todo o dióxido de carbono
armazenado em suas árvores. Tais quantidades excedem
em muito a emissão de combustível fóssil
da agropecuária.
Como se o cenário não fosse ruim o bastante,
a tacada final vem ao olharmos gases além do dióxido
de carbono -- os gases como metano e d óxido nítroso,
gases enormemente eficazes para o efeito estufa com 23
e 296 vezes o poder de aquecimento do dióxido
de carbono, respectivamente.
Se o dióxido de carbono for responsável
por aproximadamente metade das emissões relacionadas
ao efeito estufa causado pelo homem desde a era industrial,
o metano e o óxido nitroso são responsáveis
pelo outro um terço. Estes gases super-fortes
vêm primeiramente dos processos digestivos dos
animais, e de seu manejo. Em fato, enquanto a agropecuária é responsável
por 9% de nossas emissões do dióxido de
carbono, ainda responsabiliza-se por 37% das emissões
de metano, e 65% das de óxido nitroso.
É um pouco duro reconhecer quando se pensa num
pintinho pequeno chocando de seu ovo frágil. Como
pode um animal, assim aparentemente insignificante à vastidão
da Terra, desprender tanto gás de efeito estufa?
A resposta está em seus números. Os abatedouros
dos Estados Unidos, sozinhos, derrubam mais de 10 bilhões
de animais, sem contar peixes e animais aquáticos,
a cada ano. Tudo para sustentar uma cultura da carne-paraiso
que mal consegue lembrar de um momento recente quando “uma
galinha em cada panela” era considerada um luxo.
Os animais de terra criados para
alimento compõem
20% da biomassa total de animais não aquáticos
de toda a Terra. Nós estamos, literalmente comendo
nosso planeta até à morte.
O que nós estamos vendo é apenas o começo
também. O consumo da carne aumentou quintuplicadamente
nos cinqüênta últimos anos, e espera-se
dobrar outra vez nos cinqüênta seguintes.
Soa como muita má notícia, mas de fato é completamente
o oposto. Significa que nós temos uma nova arma
poderosa a ser usada em direção à crise
ambiental, a mais séria a ser enfrentada pela
humanidades desde o nosso surgimento. O Prius foi uma
etapa importante, mas o quanto as pessoas procuram comprar
carros? Agora que nós sabemos que uma dieta mais
verde é ainda mais eficaz do que um carro mais
verde, nós podemos fazer uma diferença
em cada refeição. Simplesmente deixando
os animais fora de nossas travessas. Quem pensaria: o
que é bom para nossa saúde é também
bom para a saúde do planeta!
Ser Vegetariano, nos dá mais força de
engajamento do que dirigir um Prius. E mais, esse estrondo
virá muito mais rapidamente. O Prius corta emissões
do dióxido de carbono, que espalha seu efeito
se aquecendo lentamente sobre um século. Uma porção
grande do problema com animais criados, em uma via, é o
metano, um gás de ciclo na atmosfera de apenas
uma década. Isso significa que menos consumo da
carne traduz-se rapidamente em um planeta mais fresco.
Não apenas um planeta mais fresco, também
mais limpo. A agropecuária subtrai a maioria da água
consumida neste país, emite dois terços
da amônia- causadora da chuva-ácida - do
mundo, e é a maior fonte de poluição
da água -- matando rios inteiros e ecossistemas
marinhos, recifes de corais, e naturalmente, fazendo
as pessoas adoecerem. Tente imaginar as volumosas quantidades
de escreção saindo para fora das fazendas
Norte Americanas modernas: são 5 milhão
toneladas ao dia, mais do que cem vezes a produzida pela
população humana, muito além do
que o solo é possivelmente capaz de absorver.
São acres e acres de esgoto e caixas de gordura
expostas ao ar livre esticando-se pelo campo, poluindo
o ar e contaminando nossa água, fazendo o acidente
com o Exxon Valdez parecer muito menor. O que podemos
fazer para melhorar rápida e drasticamente, tal
situação? Apenas colocando de lado nossas
asas de galinha e procurando um hamburguer veggie.
Fazer assim nunca foi tão fácil. Os anos
recentes vêm com uma explosão de alimentos
vegetarianos e ambientalmente amigáveis. Mesmo
as cadeias Ruby Tuesday, Johnny Rockets, e de Burger
King, oferecem deliciosos hamburgueres veggie e as gôndolas
de supermercado ofertam opções alinhadas
como soymilk creamy coração-saudável
e fatias de presunto veggie.
Os alimentos Vegetarianos têm ganhado prêmios
de recolhimento ambiental, e tem angariado celebridade
como Maher, Alec Baldwin, Paul McCartney, e naturalmente
Leonardo DiCaprio, como adeptos e defensores.
Apenas porque o Prius nos mostrou
que cada um de nós
tem em suas mãos o poder de fazer uma diferença
contra um problema que ponha em perigo o futuro da humanidade,
a cultura vegetariana nos permite uma maneira nova de
reduzir dramaticamente nossas emissões perigosas
de gás e de uma maneira ainda mais eficaz, mais
fácil de fazer, mais acessíveis a todos
e certamente acompanha bem melhor as batatas fritas Americanas.
As temperaturas que não param mais de se elevar,
tampões de gelo derretiendo, doenças tropicais
espalhando-se, furacões mais fortes… Assim,
o que é que você para fazer para o jantar
hoje à noite?
Verifique os sites www.svb.org.br para
ver se há novas
idéias, receitas livres, planos de refeição,
e mais! E verifique a seção ambiental de
www.guiavegano.com.br para ver se há mais informação
sobre o efeito prejudicial do ato de comer carne.
Kathy Freston é autora de livros de auto-ajuda
e conselheira pessoal do crescimento e da espiritualidade. É o
autora de “Expect a Miracle: Seven Spiritual Steps
to Finding the Right Relationship”. Kathy e seu
marido, Tom Freston, dividem seu tempo entre New York
e Los Angeles.
Fonte:
panoramaecologia.blogspot.com |