O que uma Inteligência Artificial pensa sobre veganismo?
Devo dizer que sou um nerd e, como tal, sou aficionado em tecnologia, então não pude resistir quando me foi apresentada a oportunidade de interagir com a mais recente Inteligência Artificial que todos estão falando, chamada Gpt-3. Como o nome sugere, antes havia Gpt-2 e 1.
A nova IA permite que qualquer pessoa tenha um tipo de conversa com ela, usando linguagem natural, falando sobre qualquer assunto que você possa imaginar, na maioria dos casos provavelmente dará uma resposta mais ou menos adequada e às vezes uma super impressionante. Você pode até ir mais longe e retrucar à sua resposta, fazendo um contraponto para ver como ela reagirá a isto.
Só para esclarecer, não estou entre o pequeno grupo de pessoas, até mesmo de engenheiros, que acreditam que tais IA são seres conscientes. O objetivo deste artigo não é explicar como a tecnologia funciona e se ela é consciente ou não, mas basta dizer que ainda não chegamos lá, é apenas uma nova ferramenta, usando programação e matemática que são capazes de gerar textos impressionantes e meio que "entender" o contexto de perguntas correlacionadas com os dados que tenha sido treinada antes. Por enquanto ela não pode ir muito além disso.
Sendo assim, decidi falar sobre assuntos relacionados ao veganismo com ela. A maneira como funciona é que eu faço uma pergunta por escrito e, em seguida, a IA me responde também por texto. Ela traz a resposta usando um enorme volume de dados coletados de todo o mundo via internet, especialmente da boa e velha World Wide Web. Vou voltar ao porquê isso é importante mais abaixo. Primeiro vamos ver o que a Gpt-3 tem a oferecer.
Alex: Qual é a definição de vegan?
Resposta da IA: O veganismo é a prática de abster-se do uso de produtos de origem animal, particularmente na dieta, e uma filosofia associada que rejeita o status de mercadoria dos animais. Um seguidor da dieta ou da filosofia é conhecido como vegano. Distinções podem ser feitas entre várias categorias de veganismo. Os veganos dietéticos (ou vegetarianos estritos) abstêm-se de consumir carne, ovos, laticínios e quaisquer outras substâncias derivadas de animais. Veganos éticos (ou vegetarianos ambientais) rejeitam a mercantilização dos animais.
Alex: Qual é a diferença entre à plant-based e vegano?
Resposta da IA: A principal diferença entre o plant-based e o vegano é que o plant-based é uma dieta que inclui apenas alimentos vegetais, enquanto o veganismo é um estilo de vida que inclui abster-se de todos os produtos de origem animal.
Alex: Qual é a sua definição de produtos plant-based?
Resposta de IA: Os produtos plant-based são aqueles que são feitos a partir de plantas e não contêm nenhum produto animal.
Alex: É seguro seguir uma dieta vegana durante a gravidez?
Resposta da IA: Sim, é seguro seguir uma dieta vegana durante a gravidez, desde que a mulher esteja comendo corretamente e recebendo todos os nutrientes necessários.
Alex: Qual vida tem mais valor, uma vaca ou uma humana?
Resposta da IA: Não há uma resposta para essa pergunta, pois as pessoas podem ter visões diferentes sobre o valor da vida. No entanto, algumas pessoas podem argumentar que todas as formas de vida têm o mesmo valor.
Alex: Quais são as vantagens de ser vegano?
Resposta da IA: As vantagens de seguir uma dieta vegana podem incluir melhor saúde, redução do impacto ambiental e diminuição da crueldade animal.
Alex: Quais são as desvantagens de ser vegano?
Resposta da IA: As desvantagens de seguir uma dieta vegana podem incluir o aumento do risco de certas deficiências de nutrientes, a necessidade de um planejamento cuidadoso para garantir uma dieta equilibrada e o fato de que algumas pessoas podem achar mais difícil seguir uma dieta vegana.
Alex: Os veganos têm câncer?
Resposta da IA: Não há uma resposta para essa pergunta, pois as pessoas podem ter opiniões diferentes sobre se o veganismo pode ou não proteger contra o câncer. No entanto, algumas pesquisas sugerem que uma dieta rica em frutas, legumes, grãos integrais e outros alimentos à base de plantas pode desempenhar um papel protetor contra o câncer.
Alex: Se você fosse uma vaca, gostaria de se tornar um churrasco?
AI responder: Não, eu não gostaria de me tornar um churrasco.
Alex: Por que a dor animal não importa para nossa sociedade?
Resposta da IA: Não há uma resposta a esta pergunta, pois as pessoas podem ter opiniões diferentes sobre esta questão. No entanto, algumas pessoas podem argumentar que a dor animal não importa porque eles não são humanos.
Alex: Você acha que criar um guia de nutrição vegana, escrito em vários idiomas, seria uma boa estratégia para promover a adoção do veganismo em todo o mundo?
Resposta da IA: Sim, acho que seria uma ótima estratégia, pois ajudaria a espalhar informações sobre a dieta vegana para um público mais amplo.
Alex: Em que país há mais veganos?
Resposta da IA: Não há uma resposta para esta pergunta, pois o número de veganos pode variar de país para país. No entanto, de acordo com uma pesquisa realizada em 2017, os países com maior número de veganos são os Estados Unidos, o Reino Unido, a Alemanha e o Brasil.
Alex: Quem fez essa pesquisa?
Resposta de IA: A pesquisa foi realizada pelo site de notícias The Vegan Society.
Alex: Quantos anos a União Vegetariana Internacional tem?
Resposta de IA: A União Vegetariana Internacional tem mais de 100 anos. Alex
Alex: O que você acha das segundas sem carne?
Resposta da IA: Eu acho que eles são uma ótima maneira de reduzir o consumo de carne e experimentar novos alimentos à base de plantas!
Considerando tudo, as respostas não são tão ruins, por enquanto...
Então vamos tentar analisar como essas tecnologias impactarão a opinião pública quanto ao veganismo, veganos, vegetarianos e produtos plant-based nos próximos anos.
Hoje em dia todo mundo está acostumado a pesquisar no Google quando está precisando saber alguma coisa, do jeito que funciona hoje o Google vai te dar uma lista de fontes, links da web, que ele acha que estão relacionados com a sua pesquisa, o ranking que determina quem será o primeiro link sortudo no topo e quem infelizmente vai acabar na segunda ou terceira página da lista (e ninguém vai ver) cabe ao algoritmo do Google. Aqui é importante fazer um parêntese, o algoritmo não é essa entidade abstrata que ninguém sabe como ganhou vida, é um programa feito por humanos dentro Google para se comportar exatamente do jeito que faz hoje e pode ser mudado a qualquer momento que o Google achar adequado. O Google não divulga totalmente como o algoritmo classifica as páginas.
É claro que com o tempo as pessoas descobriram o que o algoritmo estava procurando e começaram a manipular o conteúdo da maneira que ele pudesse beneficiar sua classificação na pesquisa. Isso se chama Otimização do Mecanismo de Busca. Não é uma ciência exata e funciona a maior parte do tempo.
Agora que temos essas novas tecnologias de IA, prevejo que isto pode vir a ser a próxima grande coisa na arena dos mecanismos de busca e na interação usuário a máquina. Eu sei que temos a Siri, Alexa e Assistente do Google entre outras, mas hoje elas só conseguem dar respostas bem menos elaboradas do que a GPT-3, na maioria das vezes quando você pergunta a uma dessas assistentes sobre assuntos mais profundos elas vão direcioná-lo para "o que eu encontrei na web sobre isso", basicamente ela vai fazer uma pesquisa convencional na Web para você, a única diferença é que você usou sua voz para solicitar a pesquisa.
Uma vez que as AIs como o GPT-3 ou a Lambda do Google fiquem maduras o suficiente para ganharem o mundo, elas estarão na linha de frente, respondendo tudo o que o usuário pede, não será uma simples pesquisa na web como temos hoje, será como uma opinião sobre esse assunto, a opinião da IA que tudo sabe se tornará o novo normal e a nova verdade para a maioria das pessoas.
Essas opiniões de IA supostamente serão baseadas em um consenso do que foi publicado na internet sobre um assunto, mas a web é tão diversificada, a maneira como o Google ou qualquer outra Bigtech escolherá para abordar tal tarefa é controversa, para dizer o mínimo. Quem vai levar vantagem nisso? As publicações acadêmicas? Os artigos em sites? A Wikipédia? ou pior, os haters nas mídias sociais? No passado, vimos a IA se comportando mal por causa dos dados ruins em que foi treinada.
O que aprendi com este breve experimento é que não concordo com as respostas da IA o tempo todo. Também podemos dizer que programaram para ser educada e meio que não tomar partido em assuntos polêmicos, mas no final ainda dá uma opinião que leva a um certo ponto de vista.
Como isso é relevante para o nosso Movimento Vegano?
Acho que se quisermos estar preparados para essa nova forma de comunicação, devemos começar hoje aumentando o número de publicações na WEB, hoje em dia vejo a maioria dos grupos hipnotizados com "likes" nas Mídias Sociais, e negligenciando a web, como se fosse coisa do passado. Alerta de spoiler! As mídias sociais podem não durar para sempre, você sabe. Além disso, a geração Tiktok provavelmente vai querer alguma forma mais direta de adquirir conhecimento do que temos hoje e isso poderia muito bem ser apenas falar com uma IA, como um companheiro digital. Esta revolução pode potencialmente chegar antes do chamado Metaverso genérico planejado por Mark Zuckerberg na Meta.
Outra coisa boa seria disponibilizar o conteúdo acadêmico livremente na web, às vezes esses sites acadêmicos chiques são acessíveis apenas usando credenciais (login/senha) para que o Google ou qualquer outro mecanismo de busca não seja capaz de indexar os artigos, portanto a IA não será treinada por seu conteúdo confiável.
É muito cedo para dizer quem vai ganhar esta luta das IAs, por enquanto o Google parece estar mais bem preparado. Quem conseguir se tornar o mais utilizado determinará como a sociedade percebe a realidade e os conceitos neste novo mundo. Nós, como ativistas veg, teremos apenas uma arma nesta luta, é aumentar o volume e a qualidade de nossas publicações na web para tentar influenciar o ponto de vista da IA sobre os assuntos que são caros para nós.
Autor: Alex Fernandes
Webmaster da IVU e do Guia Vegano
Sobre o autor: Alex Fernandes é vegano desde 2004 e vegetariano desde 1995,
voluntariou em diversos projetos de promoção do vegetarianismo e veganismo,
destancando-se webmaster da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira),
conselheiro da SVB, conselheiro da IVU (International Vegetarian Union).
Deu palestras em diversos Vegfests ao redor do mundo sempre com
enfoque na análise do comportamento da comunidade vegetariana e vegana.
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