O livro “Diferenças entre Ambientalismo e Consideração pelos Animais: Qual o Tamanho da Divergência?”, de Luciano Carlos Cunha, investiga os fundamentos e implicações práticas das duas perspectivas, mostrando que, embora muitas vezes confundidas ou vistas como complementares, elas partem de princípios opostos. Enquanto a consideração pelos animais se baseia na senciência, valorizando o bem-estar dos indivíduos capazes de sofrer e desfrutar, o ambientalismo atribui valor intrínseco a entidades não sencientes, como ecossistemas e espécies, tratando os animais muitas vezes apenas como recursos para preservar essas totalidades. Essa diferença leva a conflitos práticos: programas ambientalistas podem defender caça, consumo “sustentável”, experimentação ou extermínio de espécies invasoras, mesmo que isso aumente o sofrimento animal, porque seu objetivo não é o bem dos indivíduos, mas a preservação de configurações ecológicas ou de espécies nativas. Cunha argumenta que a divergência é ética, não científica, e que a confusão entre ambas decorre de fatores como a crença equivocada de que biodiversidade e equilíbrio ecológico coincidem com o melhor para os animais, a mistura entre ecologia e ambientalismo, e a linguagem usada pelos ambientalistas. O autor conclui que, se o objetivo é realmente reduzir o sofrimento e melhorar a vida dos seres sencientes, é preciso separar claramente as metas da ética animal das metas ambientalistas.