Heróis em Campo: A Resistência Ativista Contra a Caça e a Defesa Ética da Vida Selvagem

O Surgimento da Resistência Pacífica

O Modelo Britânico: Hunt Saboteurs Association (HSA)
Esses grupos, liderados pela emblemática Hunt Saboteurs Association (HSA), fundada no Reino Unido em 1963, representam o ápice da resistência pacífica contra práticas cruéis e ultrapassadas. A HSA, pioneira na utilização de táticas não violentas como a criação de trilhas falsas, uso de cornetas para confundir cães de caça, sprays para neutralizar odores e drones para monitoramento e documentação de ilegalidades, se tornou o modelo para iniciativas semelhantes espalhadas pelo mundo.A Expansão Global do Ativismo Contra a Caça


Espanha, Itália, Polônia, Países Baixos:
- Espanha: Grupos como Equanimal e a plataforma "Matar por matar, non" foram relatados como envolvidos na sabotagem da Copa Nacional de Caça à Raposa, utilizando ruído (megafones) para afugentar as raposas.
- Itália: A Lega Abolizione Caccia é mencionada como uma organização anti-caça. A caça à raposa é praticada no país.
- Polônia: A organização Zakaz polowania é citada como anti-caça. A criminalização da sabotagem à caça foi reportada em janeiro de 2020 , sugerindo um nível de atividade que motivou resposta legislativa.
- Países Baixos: Stichting De Faunabescherming e Dier&Recht são mencionadas como organizações anti-caça
A Margem Militante:
Relação com a Animal Liberation Front (ALF)

Origens Compartilhadas
A ALF tem uma linhagem direta que remonta à HSA. Seu fundador, Ronnie Lee, era inicialmente um membro ativo da Hunt Saboteurs Association no início dos anos 1970. Insatisfeito com o que considerava limitações legais e táticas da HSA, Lee formou um grupo dissidente chamado Band of Mercy em 1972, buscando ações mais militantes. Este grupo adotou o nome Animal Liberation Front em 1976, após Lee cumprir pena de prisão por uma invasão a uma instalação de criação de animais para laboratório. As primeiras ações da Band of Mercy já indicavam uma escalada tática, incluindo danos a veículos de caça e ataques a laboratórios de pesquisa animal e barcos de caça de focas.Filosofias e Táticas Divergentes
Apesar das raízes comuns, a HSA e a ALF desenvolveram focos e métodos distintos:- HSA e Grupos Similares: Concentram-se na ação direta não violenta durante as caçadas, intervindo fisicamente no campo para salvar animais. Após a proibição no Reino Unido, a coleta de evidências tornou-se uma tática complementar importante.
- ALF: O foco está na "libertação animal" – remover animais de locais de exploração percebida (laboratórios, fazendas de peles) – e na sabotagem econômica através da destruição de propriedade (vandalismo, incêndio criminoso) contra indústrias consideradas exploradoras. A ALF opera através de células anônimas e descentralizadas.
Ações da ALF Relacionadas à Caça e Armadilhagem
Embora o foco principal da ALF não seja a sabotagem à caça no estilo HSA, algumas de suas ações visaram atividades relacionadas:- Destruição de torres de caça foi reivindicada pela ALF (por exemplo, 26 destruídas na Bélgica em junho de 2022).
- Manuais sobre como sabotar armadilhas e caçadas de lobos foram publicados por grupos ambientalistas relacionados, como o Earth First!. Membros da ALF e da Earth Liberation Front (ELF), conhecidos como "The Family", realizaram incêndios criminosos.
Resposta do Estado à ALF
A natureza das táticas da ALF provocou respostas estatais severas:- Nos Estados Unidos, a ALF foi designada como uma ameaça terrorista doméstica pelo FBI e pelo Departamento de Justiça. Uma repressão federal significativa, como a Operação Backfire, levou a prisões e condenações, diminuindo consideravelmente a atividade do grupo.
- No Reino Unido, o governo também tomou medidas, estabelecendo a Unidade Nacional de Coordenação Tática contra o Extremismo (National Extremism Tactical Coordination Unit) e impondo longas penas de prisão a ativistas, particularmente aqueles envolvidos na campanha SHAC contra a Huntingdon Life Sciences.
A Realidade Brasileira: Legislação e Exceções

Paralelamente, é preciso atenção redobrada a uma campanha crescente por parte de setores da extrema direita brasileira, que vêm tentando inserir no país a cultura da caça como uma extensão de sua já conhecida apologia ao porte irrestrito de armas. Essa movimentação política visa transformar a caça esportiva em prática socialmente aceita, o que representa um grave retrocesso no campo da proteção animal e ambiental. Há uma articulação clara dentro do Congresso Nacional, particularmente entre os representantes da chamada "bancada da bala", para flexibilizar a atual legislação de proteção à fauna.
É fundamental, portanto, que a sociedade civil, movimentos ambientalistas e defensores dos direitos animais mantenham-se vigilantes e organizados para impedir que esses retrocessos ganhem espaço. A preservação das atuais garantias legais contra a caça deve ser vista como uma prioridade inegociável para qualquer projeto de país ético e sustentável.
Caça e Povos Indígenas

O veganismo só é possível graças ao nosso modo de vida tecnológico — sem agricultura, ele simplesmente não existiria. Por isso, defendo que o modo de vida vegano não se trata de um retorno ao passado, tampouco de uma idealização do modo de vida primitivo. Ao contrário, é a proposta de uma civilização mais sofisticada, que utiliza tecnologias modernas, como a agricultura avançada, métodos de cultivo regenerativo e uma medicina que, idealmente, caminha para prescindir de testes em animais ou de insumos de origem animal.
Já os povos da floresta, além das ervas medicinais, muitas vezes utilizam diversas substâncias de origem animal em suas vestimentas, rituais e na medicina xamânica. Trata-se de um horizonte ético — a busca por nos tornarmos Homo ethicus, uma humanidade guiada por compaixão e responsabilidade interespécies —, algo ainda em construção e que deve ser proposto como ideal, não imposto como exigência.

É preciso, contudo, separar a questão indígena de outras que apresentam contextos distintos, como a prática do sacrifício de animais em rituais religiosos — ainda que estes tenham suas origens em povos originários (no caso, tribos africanas). Trata-se, aqui, apenas de uma releitura e de um sincretismo realizados por humanos já civilizados, que, portanto, deveriam aspirar a seguir uma conduta mais coerente com os preceitos éticos modernos.
O Dilema do Peixe-Leão e a Responsabilidade Humana

Alternativas Éticas ao Aquarismo
A tragédia do peixe-leão serve como um alerta sobre as consequências inadvertidas do aquarismo ornamental, destacando a necessidade urgente de alternativas mais éticas, como aquários virtuais ultrarrealistas que preservam a vida selvagem e eliminam riscos ambientais.
Aquário Virtual uando técnologia similar a de jogos de video games modernos
Ativistas: Os Verdadeiros Heróis Modernos

Referências:
- Hunt Sabotage — Wikipédia
- Hunt Saboteurs Association — Wikipédia
- History of the HSA – Timeline
- “Outfoxed: have the hunt saboteurs wiped out hunting?” — Morning Star
- Suffolk & Essex Hunt Saboteurs — A Radical Guide
- Fox Hunt Saboteurs — Tras los Muros
- Lei nº 5.197/1967 — Código de Caça
- Lei nº 11.959/2009 — Política Nacional de Pesca
- Art. 231 da Constituição Federal — STF
- STF: Lei que proibia toda a caça em SP é inconstitucional
- STF autoriza caça científica ou de controle — Migalhas
- Guia de Manejo de Espécies Exóticas Invasoras em UCs — ICMBio
- Plano Emergencial de Controle do Peixe‑Leão (RESEX Arraial do Cabo) — Gov.br
- Peixe‑Leão: predador venenoso invade litoral brasileiro — Pesquisa FAPESP
- Guia Estratégico para Manejo do Peixe‑Leão — ICMBio
- Estudo da Agência Brasil sobre soluções para o Peixe‑Leão
- Biomonitoramento de Pterois spp. — Periódicos UFC
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