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Guia Vegano completa 20 anos: um marco na história do veganismo no Brasil

Desde 2005, o portal se mantém como referência e símbolo de persistência na causa vegana

20 anos do guia vegano

guia vegano no lançamento em 2005
Interface do Site Guia Vegano em 2005
No dia 14 de fevereiro de 2025, o Guia Vegano completa 20 anos de existência. Uma trajetória marcada por pioneirismo, dedicação e compromisso com a informação de qualidade sobre veganismo, bem-estar animal e sustentabilidade. Fundado por Alex Fernandes, o site nasceu em um momento em que o conteúdo vegano em português na internet era escasso, consolidando-se como uma plataforma essencial para aqueles que buscavam informações confiáveis sobre alimentação, ética e estilo de vida vegano.

Ao longo dessas duas décadas, o Guia Vegano não apenas sobreviveu às rápidas transformações do universo digital, mas também se adaptou e evoluiu, garantindo sua relevância e impacto. Em um cenário onde muitos projetos similares desapareceram, a longevidade e a persistência do site são testemunhos de sua importância na história do veganismo no Brasil.

Uma ideia que nasceu em um congresso mundial

O embrião do Guia Vegano surgiu no 36º Congresso Vegetariano Mundial da IVU, realizado em Florianópolis, no Costão do Santinho, entre 8 e 14 de novembro de 2004. O evento reuniu vegetarianos e veganos de várias partes do mundo, e um consenso emergiu das conversas entre os participantes: faltava um repositório confiável de informações sobre veganismo em português na internet.

Diferente de muitos que voltaram para suas cidades sem concretizar a ideia, Alex Fernandes, já experiente na criação de websites, decidiu transformar essa necessidade em realidade. Com os meses de janeiro e fevereiro tradicionalmente mais tranquilos, ele dedicou seu tempo à construção do site, priorizando fontes acadêmicas rigorosas e confiáveis, especialmente na área de nutrição. Assim, em 14 de fevereiro de 2005, o Guia Vegano foi lançado.

Do domínio .com ao .com.br: os desafios iniciais

Curiosamente, o domínio inicial do site foi www.guiavegano.com, pois na época apenas empresas podiam registrar domínios .com.br. Apenas mais tarde, foi possível adquirir o www.guiavegano.com.br, endereço que segue ativo até hoje.

Desde o começo, a plataforma se diferenciou pela qualidade do conteúdo, oferecendo uma visão abrangente do veganismo. Havia, no entanto, um desafio: o veganismo abriga diversas correntes de pensamento, algumas bastante radicais ou conflitantes entre si. Um exemplo foi a polêmica em torno de gurus crudivoristas que pregavam a não suplementação de vitamina B12, mesmo consumindo o suplemento em segredo. Esse tipo de desinformação mostrou que era necessário separar o joio do trigo, priorizando apenas informações embasadas cientificamente.

Outra parceria importante foi feita com o host Estado Virtual, do amigo vegetariano Keoma, que cedeu hospedagem gratuita ao Guia Vegano por um longo período. Esse apoio foi fundamental para garantir que o projeto amadurecesse até se tornar sustentável, permitindo que a plataforma crescesse sem preocupações imediatas com custos de infraestrutura.

Colaborações e fortalecimento do acervo

guia vegano em 2009 ja em joomla
Interface do Site Guia Vegano em 2009
Um dos fatores que garantiram a credibilidade do Guia Vegano foi a colaboração de profissionais qualificados desde seus primeiros anos. Durante o Congresso Vegetariano, Alex Fernandes conheceu Dr. Eric Slywitch e o nutricionista Eduardo Buriola, ambos veganos, que gentilmente cederam artigos embasados em estudos científicos. Com o tempo, outros especialistas e ativistas contribuíram, enriquecendo ainda mais o acervo do site.

Além disso, a plataforma sempre se manteve aberta a parcerias, sem nunca ter a pretensão de ser o único canal do veganismo no Brasil. O Guia Vegano apoiou por muito tempo a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), tanto no desenvolvimento do website da organização quanto por meio da atuação de Alex Fernandes como conselheiro no Conselho Nacional da SVB.

A partir de 2008, a conexão com o cenário internacional se fortaleceu, com participações frequentes nos eventos da International Vegetarian Union (IVU). Esse envolvimento cresceu a ponto de o Guia Vegano se tornar responsável pela manutenção do site da IVU (www.ivu.org), papel que desempenha até hoje.

Impacto na adoção de animais abandonados

cao adocao viviDesde os primeiros anos, ficou evidente que o site poderia fazer algo a mais pelos animais além da alimentação e estilo de vida vegano. Assim, surgiu a Galeria de Adoção de Animais, uma iniciativa liderada por Vivian Diamant, de São Paulo, que ajudou na adoção de milhares de cães e gatos entre 2005 e 2023.

Na época, redes sociais como Facebook e Instagram ainda não existiam, e a web era a principal ferramenta para encontrar informações e imagens. O projeto cresceu e se espalhou para várias cidades, sendo que as galerias de Belo Horizonte e Rio de Janeiro, administradas por Fernanda Borsatto e Adriana Figueira, ainda estão ativas.

Restaurantes, empresas e a parceria com o HappyCow

happycowOutro recurso de grande sucesso foi a listagem de restaurantes vegetarianos e veganos no Brasil. No entanto, manter essa lista atualizada tornou-se um grande desafio, dada a alta taxa de fechamento de estabelecimentos no país. A solução veio em forma de parceria com o HappyCow (www.happycow.net), uma plataforma global especializada em mapear restaurantes veganos e vegetarianos.

Graças a esse acordo, o Guia Vegano passou a exibir a base de dados do HappyCow, garantindo informações sempre atualizadas. Essa colaboração foi tão frutífera que o Guia Vegano se tornou embaixador do HappyCow para Florianópolis.

Além dos restaurantes, o site também mantém uma lista de empresas que testam ou não testam em animais, um dos conteúdos mais acessados até hoje.

O cuidado com o design e a identidade visual

guia vegano 2010
Interface completa em 2010
Desde sua fundação, o Guia Vegano sempre se destacou pelo cuidado com o design. Inicialmente em HTML puro e depois migrando para Joomla, o site buscou sempre as melhores imagens e templates disponíveis. Atualmente, adota um estilo visual em aquarela, que traz um tom mais leve e harmonioso.

Após anos de experimentação, ficou claro que o público predominante do site é feminino, o que influenciou a escolha por uma comunicação mais suave, sem recorrer a abordagens radicais ou agressivas.

Loja virtual e novas frentes de atuação

Para garantir a sustentabilidade do projeto, foi criada uma loja online dentro do Guia Vegano, que evoluiu ao longo dos anos. Em 2013, foi inaugurado um espaço físico para venda de produtos veganos, que hoje foca em alimentos congelados e refrigerados, um nicho ainda em crescimento no Brasil.

Ao longo dos anos, diversas parcerias foram estabelecidas para fortalecer o projeto. Um dos destaques foi o convênio com a loja vegana portuguesa Efeito Verde, dos amigos Mateus e Cristina, que durou de 2008 a 2019 e deixou um legado de amizade que persiste até hoje. Além disso, veículos importantes ajudaram a divulgar o trabalho do Guia Vegano, como a Revista Vegetarianos, do grande amigo Marco Clivati, ampliando o alcance da mensagem vegana no Brasil. Para saber mais sobre essas e outras colaborações, acesse nosso histórico de parcerias.

Em 2024, nasceu um novo projeto: a loja "Vegano pelos Animais" (www.veganopelosanimais.com.br), especializada em roupas, acessórios e itens exclusivos com temática vegana. Essa iniciativa permitiu reaproveitar a vasta produção de imagens e artes criadas para o Guia Vegano, transformando-as em produtos que ajudam a difundir a causa.

Parceria com a ACAPRA e o compromisso com a proteção animal

Em fevereiro de 2024, o Guia Vegano iniciou uma importante parceria com a ACAPRA (Associação Catarinense de Proteção aos Animais), reforçando ainda mais seu compromisso com a causa animal. O primeiro projeto conjunto foi a campanha Berçário Livre para as Baleias Franca no Brasil, uma iniciativa que visa garantir a preservação e a tranquilidade desses cetáceos durante seu período reprodutivo na costa brasileira.

BALEIAS DA ACAPRAAs Baleias Franca migram anualmente para o litoral de Santa Catarina para dar à luz e amamentar seus filhotes, mas enfrentam ameaças crescentes, como colisões com embarcações e perturbações causadas pelo tráfego marítimo. A campanha busca conscientizar a população e influenciar políticas públicas para criar zonas de proteção, assegurando que esses gigantes do mar possam se reproduzir sem interferências humanas. A parceria com a ACAPRA permitiu que o Guia Vegano amplificasse essa mensagem, utilizando sua plataforma para alcançar um público ainda maior e engajado.

clinica animalistaCom o sucesso dessa colaboração inicial, outros projetos passaram a integrar a parceria, incluindo eventos e iniciativas educativas. Entre eles, destaca-se o curso de Capacitação em Advocacia Animalista, que aceita alunos de todo o Brasil. O objetivo do curso é qualificar profissionais do direito para atuar de maneira mais assertiva na defesa dos direitos dos animais, fornecendo embasamento jurídico e estratégias eficazes para enfrentar desafios legais na proteção animal.

Essa nova fase do Guia Vegano reforça sua vocação não apenas como um espaço de informação sobre veganismo, mas também como um agente ativo na defesa dos animais. A colaboração com a ACAPRA exemplifica a importância de unir forças entre diferentes frentes do movimento pelos direitos dos animais, promovendo ações concretas e de impacto real.

20 anos de resistência e compromisso
esperanca de um futuro vegano

A história do Guia Vegano é uma prova de que persistência e comprometimento fazem a diferença. Enquanto muitos projetos similares desapareceram por falta de sustentabilidade financeira ou mudança de foco de seus criadores, o Guia Vegano seguiu firme.

O segredo? Manter os pés no chão e entender que o veganismo é um nicho, mas um nicho necessário. O projeto nunca teve a ilusão de ser altamente lucrativo, mas sempre soube o valor de sua missão: fornecer informação de qualidade e apoiar a causa animal.

Duas décadas depois, o Guia Vegano continua forte. E, ao que tudo indica, ainda há muita história pela frente.

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