Pesquisadores pedem o fim do uso de chimpanzés em filmes e propagandas
Especialistas
em primatas americanos e britânicos lançaram nesta nesta sexta-feira
(14) um apelo: é preciso parar o quanto antes com o uso de chimpanzés,
os parentes mais próximos da humanidade, como garotos-propaganda e
astros da TV ou do cinema. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos
sugerem que os macacos-artistas distorcem a percepção do público sobre
a situação da espécie, levando as pessoas a acreditar que se trata de
Os
argumentos do grupo estão resumidos num artigo na edição desta semana
da prestigiosa revista especializada "Science". A trupe reunida para
defender a causa primata inclui nomes de peso, como a britânica Jane
Goodall (primeira cientista a demonstrar que os chimpanzés selvagens
também fabricam e usam ferramentas, tal como nós) e o americano Brian
Hare, um dos maiores especialistas na vida mental e social da espécie.
"Nosso artigo não tenta discutir o possível status dos grandes macacos como 'pessoas'. Só estamos tentando mostrar que a representação inadequada dos chimpanzés tem conseqüências amplas na atitude do público, as quais provavelmente têm efeitos ligados à preservação da espécie. Defendemos que esses animais recebam os melhores cuidados possíveis em todos os ambientes onde se encontram", disse ao G1 o pesquisador Steve Ross, do Centro de Estudos e Conservação dos Grandes Macacos do Parque Zoológico Lincoln, em Chicago. Ele é o primeiro autor do estudo na "Science".
O apelo dos pesquisadores nasceu de alguns estudos feitos com visitantes dos principais zoológicos americanos. Após passar pelos recintos que abrigavam grandes macacos, era solicitado a eles que preenchessem um questionário sobre os bichos. O dado preocupante é que, embora mais de 90% das pessoas soubessem que gorilas e orangotangos estão ameaçados de extinção, menos de 70% delas estava ciente de que os chimpanzés também corriam risco de desaparecer.
Curiosos a respeito dessa desigualdade, os pesquisadores perguntaram aos visitantes por que lhes parecia que os chimpanzés estavam em situação confortável. Em respostas espontâneas, a mais comum (com 30% ou mais do total) foi a de que, uma vez que os chimpanzés apareciam o tempo todo na TV e no cinema, não deviam estar ameaçados.
Distorção brutal - É claro que se trata de uma percepção brutalmente errada. A verdade é que não existe nenhuma espécie de grande macaco que não esteja ameaçada de extinção, embora a situação dos chimpanzés comuns (Pan troglodytes) seja um pouco menos desesperadora.
Além disso, o impacto da convivência com seres humanos é pesado para uma espécie de vida social complexa e intensa, que depende de aprendizado em grupo para, literalmente, saber viver, como é o caso dos chimpanzés. Os animais criados por pessoas têm dificuldade para conviver com seus semelhantes e desenvolvem problemas comportamentais que vão da impotência à automutilação.
Pior ainda, os adultos têm temperamento difícil e a força de várias pessoas, o que leva seus donos a trancafiá-los em jaulas, arrancarem seus dentes ou imporem castigos ainda piores. "Isso é parte do problema da representação típica que a mídia faz dos chimpanzés. Já que os indivíduos mais fáceis de lidar são os mais jovens, é a eles que o público fica exposto. Aqui nos Estados Unidos as pessoas ficam surpresas ao ver um chimpanzé adulto no zoológico, porque esperam que ele seja pequeno e bonitinho, como os dos filmes", diz Ross. (Globo Online)
"Nosso artigo não tenta discutir o possível status dos grandes macacos como 'pessoas'. Só estamos tentando mostrar que a representação inadequada dos chimpanzés tem conseqüências amplas na atitude do público, as quais provavelmente têm efeitos ligados à preservação da espécie. Defendemos que esses animais recebam os melhores cuidados possíveis em todos os ambientes onde se encontram", disse ao G1 o pesquisador Steve Ross, do Centro de Estudos e Conservação dos Grandes Macacos do Parque Zoológico Lincoln, em Chicago. Ele é o primeiro autor do estudo na "Science".
O apelo dos pesquisadores nasceu de alguns estudos feitos com visitantes dos principais zoológicos americanos. Após passar pelos recintos que abrigavam grandes macacos, era solicitado a eles que preenchessem um questionário sobre os bichos. O dado preocupante é que, embora mais de 90% das pessoas soubessem que gorilas e orangotangos estão ameaçados de extinção, menos de 70% delas estava ciente de que os chimpanzés também corriam risco de desaparecer.
Curiosos a respeito dessa desigualdade, os pesquisadores perguntaram aos visitantes por que lhes parecia que os chimpanzés estavam em situação confortável. Em respostas espontâneas, a mais comum (com 30% ou mais do total) foi a de que, uma vez que os chimpanzés apareciam o tempo todo na TV e no cinema, não deviam estar ameaçados.
Distorção brutal - É claro que se trata de uma percepção brutalmente errada. A verdade é que não existe nenhuma espécie de grande macaco que não esteja ameaçada de extinção, embora a situação dos chimpanzés comuns (Pan troglodytes) seja um pouco menos desesperadora.
Além disso, o impacto da convivência com seres humanos é pesado para uma espécie de vida social complexa e intensa, que depende de aprendizado em grupo para, literalmente, saber viver, como é o caso dos chimpanzés. Os animais criados por pessoas têm dificuldade para conviver com seus semelhantes e desenvolvem problemas comportamentais que vão da impotência à automutilação.
Pior ainda, os adultos têm temperamento difícil e a força de várias pessoas, o que leva seus donos a trancafiá-los em jaulas, arrancarem seus dentes ou imporem castigos ainda piores. "Isso é parte do problema da representação típica que a mídia faz dos chimpanzés. Já que os indivíduos mais fáceis de lidar são os mais jovens, é a eles que o público fica exposto. Aqui nos Estados Unidos as pessoas ficam surpresas ao ver um chimpanzé adulto no zoológico, porque esperam que ele seja pequeno e bonitinho, como os dos filmes", diz Ross. (Globo Online)
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