Alimento primordial
O crudivorismo é um movimento que prega o consumo de alimentos estritamente crus, mas nem por isso deixa de contar com uma culinária gourmet
As pessoas que seguem
esse movimento podem se alimentar de forma muito simples, consumindo
frutas, castanhas, vegetais frescos, grãos germinados, etc. As cozinhas
abrem mão do forno e do fogão, mas, em contrapartida, estão devidamente
equipadas com desidratadores e processadores de alimentos. É uma
culinária que exige muita criatividade.
Em restaurantes crudívoros, os chefs transformam alimentos crus em
tortas, bolos, espaguetes e hambúrgueres. É dessa nova tendência que
vamos falar, com um passeio pelo sofisticado mundo crudívoro de Nova
Iorque, atualmente o principal centro de difusão dessa idéia e que já
conta com 7 restaurantes que servem estritamente preparações sem o uso
de calor.
Como tudo começou
O movimento crudívoro teve início em 1840, quando Sylvester Graham
recomendava o consumo de alimentos crus como a dieta ideal. Em 1979,
Aris La Tham -- precursor moderno do movimento -- inaugurou o
restaurante Sunfire Foods, no bairro do Bronx, em Nova Iorque, e
revolucionou o preparo de alimentos crus.
Restaurantes em Nova Iorque
Nas preparações crudívoras a criatividade dos chefs é colocada à prova,
porque não estamos falando de saladas bem decoradas, mas de bolos,
tortas, massas, e tudo o mais que se possa inventar nessa modalidade
culinária.
No
restaurante David Jubb, os pratos mais pedidos são: David Jubb's
Smoothie, de leite de amêndoas cruas, acrescido de amoras e adoçado com
néctar de cacto. O Vegetable Raw Burguer é um sanduíche feito de massa
de sementes cruas moídas com tomate seco, camadas de alface, cenoura
ralada, patê de azeitonas e tomate fresco.
Sun Burger, do Quintessence No Quintessence, que tem 3 lojas em
Manhattan, o sucesso é o Sun Burger. O pão é de grãos germinados
triturados e cozidos ao sol e o hambúrguer é uma mistura de
castanhas-do-pará e polpa de cenoura, catchup cru e maionese elaborada
com leite de avelãs, óleo vegetal prensado a frio e sementes de
mostarda. O segundo mais pedido é o espaguete de abobrinha crua
(cortada em tiras finas, imitando a massa) com tomates crus e molho
verde. De sobremesa uma mousse de alfarroba coberta com glacê de coco e
amoras.
Mousse de Alfarroba (fruto semelhante ao cacau)
No Bonobo's, o destaque é para os sorvetes de frutas com castanhas.
O Green Paradise oferece a seus clientes deliciosos quiches crus. A crosta é feita de sementes moídas e o recheio cremoso é preparado com vegetais desidratados.
Em Nova Iorque há lojas especializadas para o consumidor crudívoro em que o adepto encontra as matérias-primas necessárias para o preparo das delícias cruas. E também equipamentos, como os desidratadores para secar frutas.
O movimento nos Estados Unidos
Nova Iorque é o centro do movimento, mas muitas coisas interessantes
acontecem por todo o país. Em Washington, há uma padaria que vende
pães, doces, bolos e balas, preparados sem utilização de calor que
exceda a 45 oC. O livro Raw, do chef crudívoro Juliano, que tem um
restaurante de sucesso em San Francisco, inspira receitas em
restaurantes crudívoros do país. Pelos EUA, existem ainda spas e
clínicas de tratamento que têm na dieta crudívora o principal motivo
para o sucesso terapêutico de seus pacientes.
E no Brasil?
No Brasil, o movimento ainda tem poucos integrantes, mas já existem
grupos que seguem a alimentação crudívora, como é o caso dos
higienistas e essênios. Quem já experimentou as delícias da cozinha
crudívora sabe a diferença de sabor e a vitalidade que os pratos
proporcionam.
Comercialmente, em todo o mundo, é uma culinária que faz sucesso tanto
entre adeptos quanto entre curiosos, e estou certo de que não seria
diferente no Brasil.
Em novembro, será lançada no Brasil a versão em português do livro The
Sunfood Cuisine (A Cozinha dos Alimentos Solares), do chef canadense
Frédéric Patenaude, que reside em Québec e estará aqui para o 36o
Congresso Vegetariano Mundial, em Florianópolis www.svb.org.br. Ele é
autor de 3 livros de receitas crudívoras e editor de uma revista de
crudivorismo. Na foto, Frédéric, Higa (responsável pela nova edição),
eu e Thiago.
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