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Ácido Esteárico (Stearic Acid.)

Ácido Esteárico em Cosméticos: Um Guia Definitivo para a Comunidade Vegana no Brasil

Seção 1: Desvendando o Ácido Esteárico: O Ingrediente Onipresente em Seus Cosméticos

O ácido esteárico é um dos ingredientes mais comuns e versáteis na indústria de cosméticos, presente em uma vasta gama de produtos que fazem parte da rotina diária de cuidados pessoais. No entanto, para a comunidade vegana, sua onipresença representa um desafio significativo devido à ambiguidade de sua origem. Este relatório visa desmistificar o ácido esteárico, detalhando suas funções, suas possíveis fontes e, mais importante, fornecendo um guia prático para que consumidores veganos possam fazer escolhas informadas e alinhadas com seus valores éticos.

 

1.1. O que é o Ácido Esteárico? Uma Apresentação Científica e Acessível

O ácido esteárico, conhecido cientificamente pelo seu nome IUPAC como ácido octadecanóico, é um ácido graxo saturado de cadeia longa.1 Sua fórmula química é $C_{18}H_{36}O_2$, indicando uma "cauda" composta por 18 átomos de carbono, o que o classifica como um ácido graxo de cadeia longa.3 O termo "saturado" refere-se à ausência de duplas ligações entre os átomos de carbono, uma característica que lhe confere grande estabilidade e contribui para sua textura sólida e cerosa à temperatura ambiente.1

Fisicamente, o ácido esteárico se apresenta como um sólido ceroso, em forma de flocos, grânulos ou pérolas, com uma coloração que varia de branca a levemente amarelada.3 Possui um ponto de fusão relativamente alto, em torno de 69.3 °C, o que é fundamental para suas aplicações como agente de consistência e endurecedor em diversas formulações.1 É solúvel em óleos e álcoois, mas praticamente insolúvel em água.7

No mercado, este ingrediente pode ser encontrado sob diferentes nomes. Na lista de ingredientes de cosméticos (INCI), ele é universalmente listado como Stearic Acid. Quando sua origem é explicitamente vegetal, é frequentemente chamado de "Estearina Vegetal" no Brasil.7 Em aditivos alimentares, pode ser identificado pelo código E570.10

 

1.2. O Mestre Multifuncional: Por que a Indústria Cosmética Ama o Ácido Esteárico?

A popularidade do ácido esteárico não se deve a uma única propriedade, mas à sua extraordinária capacidade de desempenhar múltiplos papéis dentro de uma mesma formulação. Essa versatilidade o torna um ingrediente de alto custo-benefício para os formuladores, o que, por sua vez, aumenta a probabilidade de sua inclusão em uma vasta gama de produtos. Para o consumidor vegano, essa mesma utilidade é a raiz do desafio: é um ingrediente difícil de evitar porque é excepcionalmente eficaz em suas funções. Suas principais aplicações incluem:

  • Emulsificante e Estabilizador: Em produtos como cremes e loções, que são misturas de óleo e água, o ácido esteárico atua como um agente emulsificante, impedindo que as duas fases se separem. Isso garante uma textura homogênea e estável ao longo do tempo, aumentando a vida útil do produto.3
  • Espessante e Doador de Consistência: É um espessante eficaz, conferindo corpo, viscosidade e uma sensação rica e "amanteigada" às formulações. Pequenas quantidades podem transformar uma loção líquida em um creme espesso e luxuoso.5
  • Emoliente e Agente Oclusivo: O ácido esteárico suaviza e amacia a pele. Ele forma uma barreira protetora na superfície cutânea que retarda a perda de umidade (conhecida como perda de água transepidérmica), ajudando a manter a pele hidratada e flexível.11
  • Surfactante e Agente de Limpeza: Como um surfactante, ele reduz a tensão superficial dos óleos, ajudando a remover sujeira, excesso de sebo e impurezas da pele. Essa propriedade é fundamental em sabonetes, limpadores faciais e cremes de barbear, onde também contribui para a formação de uma espuma rica, cremosa e estável.1
  • Endurecedor: Em produtos sólidos, como sabonetes em barra e velas, o ácido esteárico aumenta a dureza, a opacidade e a durabilidade, resultando em um produto que dura mais tempo.7

 

1.3. Onde Encontrá-lo: Um Panorama da Sua Presença nos Produtos do Dia a Dia

Dada sua multifuncionalidade, o ácido esteárico é um dos pilares da formulação cosmética moderna. Uma análise de bancos de dados de produtos, como o do Environmental Working Group (EWG), revela sua presença em milhares de itens. Ele pode ser encontrado em praticamente todas as categorias de cuidados pessoais 16:

  • Cuidados com a Pele: Hidratantes faciais e corporais, protetores solares, loções, cremes para a área dos olhos, máscaras e produtos anti-idade.3
  • Higiene Pessoal: Sabonetes em barra e líquidos, limpadores faciais, cremes e espumas de barbear, desodorantes e antitranspirantes.8
  • Cuidados com os Cabelos: Shampoos e condicionadores, onde, além de suas propriedades de limpeza e condicionamento, seus derivados (como o estearato de glicol) são usados para criar um efeito perolado e brilhante.1
  • Maquiagem: É um ingrediente fundamental em bases (presente em mais de 1000 produtos listados no EWG), corretivos, máscaras de cílios (mais de 900 produtos), batons, blushes e primers.16

A tabela abaixo resume as funções essenciais do ácido esteárico, ilustrando por que ele é um ingrediente tão valioso e onipresente.

Função Principal

Ação na Fórmula

Benefício para o Consumidor

Exemplos de Produtos

Emulsificante

Impede a separação das fases de óleo e água.

Garante uma textura suave, homogênea e um produto estável.

Cremes, loções, hidratantes, bases líquidas.

Espessante

Aumenta a viscosidade e confere corpo à formulação.

Proporciona uma sensação rica, cremosa e luxuosa na aplicação.

Manteigas corporais, cremes espessos, máscaras faciais.

Emoliente

Forma uma barreira na pele, suavizando e amaciando.

Previne a perda de umidade, mantendo a pele hidratada e macia.

Loções corporais, cremes para as mãos, protetores labiais.

Surfactante

Reduz a tensão superficial, ajudando a remover sujeira e óleo.

Limpa a pele eficazmente; cria uma espuma densa e estável.

Sabonetes, limpadores faciais, cremes de barbear, shampoos.

Endurecedor

Aumenta a solidez e o ponto de fusão do produto.

Torna o produto mais durável e resistente ao calor.

Sabonetes em barra, velas, bastões de desodorante.

 

Seção 2: A Encruzilhada da Origem: Animal vs. Vegetal

A principal preocupação da comunidade vegana em relação ao ácido esteárico reside em sua origem. A mesma molécula pode ser obtida tanto de fontes animais quanto vegetais, tornando a simples leitura do rótulo insuficiente para uma decisão de compra ética.

 

2.1. A Fonte Animal: A Origem Histórica

Historicamente, o ácido esteárico está intimamente ligado a fontes animais. Seu próprio nome deriva da palavra grega stéar, que significa sebo, a gordura processada de animais.1 As principais fontes animais são:

  • porco e vacaGorduras de abate: Sebo de bovinos, gordura de suínos (banha) e de ovinos são as fontes mais tradicionais e comuns.1
  • Outras fontes controversas: Algumas fontes de defesa dos animais alertam para a possibilidade de o ácido esteárico ser derivado da gordura de cães e gatos eutanasiados em abrigos, uma prática chocante que, embora não seja a principal fonte industrial, ilustra a gravidade das preocupações éticas associadas a ingredientes de origem animal não especificada.19

O processo de extração da gordura animal envolve a hidrólise (tratamento com água a altas pressões e temperaturas para quebrar os triglicerídeos), seguida de processos de hidrogenação e destilação para isolar e purificar o ácido esteárico.17

 

2.2. A Fonte Vegetal: A Alternativa Moderna e Dominante

Atualmente, o ácido esteárico também é amplamente extraído de gorduras e óleos vegetais.3 As fontes vegetais mais importantes são:

  • PALMA E MANTEIGA DE CACAUÓleo de Palma: É a fonte vegetal mais comum e comercialmente significativa para a produção de ácido esteárico. Seus derivados, como a estearina de palma, são processados para obter o ácido graxo em alta pureza.7
  • Manteiga de Cacau e Manteiga de Karité: Estas manteigas são naturalmente ricas em ácido esteárico (com teores de até 34% e 45%, respectivamente) e são valorizadas em cosméticos por suas propriedades emolientes intrínsecas.1
  • Outros óleos vegetais: Óleo de coco e óleo de soja também contêm ácido esteárico, embora em concentrações menores, e podem ser usados como matéria-prima.4

Quando derivado de fontes vegetais, o ingrediente é frequentemente comercializado no Brasil como Estearina Vegetal, um termo que ajuda na identificação por parte dos consumidores.7

 

2.3. Cenário Atual do Mercado: Quem Está Ganhando a Batalha?

Existe um paradoxo interessante entre a percepção histórica e a realidade atual do mercado. Muitas fontes de informação vegana operam sob a premissa de "culpado até que se prove o contrário", aconselhando os consumidores a assumir que o ácido esteárico é de origem animal, a menos que especificado de outra forma.18 Essa cautela é historicamente justificada e continua sendo uma estratégia de segurança válida.

No entanto, dados de mercado recentes pintam um quadro diferente. Um relatório da Mordor Intelligence sobre o mercado de ácido esteárico revelou que, em 2024, as fontes vegetais representaram 66,93% da participação de mercado, com previsão de crescimento contínuo.27 A dominância da fonte vegetal é impulsionada por vários fatores:

  • Demanda do Consumidor: Uma crescente preferência global por produtos veganos, de base vegetal e com rótulos limpos (clean-label).27
  • Sustentabilidade e Custo: A indústria está se movendo em direção a insumos renováveis. As cadeias de suprimentos de óleo de palma no Sudeste Asiático são altamente integradas e competitivas em termos de custo, tornando a produção de base vegetal economicamente vantajosa.27
  • Percepção e Rastreabilidade: A fonte animal enfrenta desafios de imagem relacionados à rastreabilidade e riscos sanitários, embora ainda mantenha relevância em nichos industriais específicos.27

Essa desconexão entre a percepção de risco e a realidade do mercado é uma fonte primária de confusão. Embora a cautela seja sempre necessária, a probabilidade de um produto cosmético moderno conter ácido esteárico de origem vegetal é estatisticamente maior. O objetivo é, portanto, capacitar o consumidor a passar de um estado de evitação por medo para um de verificação e confiança.

Característica

Fonte Animal

Fonte Vegetal

Origem Principal

Sebo (bovino), banha (suína), gordura de ovinos.

Óleo de palma, manteiga de cacau, manteiga de karité.

Nomes Comuns

Ácido esteárico, Estearina, Ácido de sebo.

Ácido esteárico, Estearina Vegetal.

Processo de Extração

Hidrólise de gorduras animais, hidrogenação, destilação.

Hidrólise de óleos vegetais, hidrogenação, destilação.

Prevalência no Mercado

Menor participação (aprox. 33%), mas ainda relevante.

Participação dominante (aprox. 67%) e em crescimento.

Considerações Éticas

Envolve o uso de subprodutos da indústria da carne. Inaceitável para veganos.

Livre de crueldade animal, mas pode envolver questões de sustentabilidade (óleo de palma).

 

Seção 3: O Guia do Detetive Vegano: Como Identificar a Fonte do Ácido Esteárico

Navegar pelas prateleiras em busca de produtos veganos requer um olhar atento, especialmente quando se trata de ingredientes ambíguos como o ácido esteárico. Felizmente, existem estratégias e ferramentas que podem trazer clareza e segurança à decisão de compra.

 

3.1. A Limitação do Rótulo (INCI): Por Que "Stearic Acid" Não Diz Tudo

O primeiro obstáculo para o consumidor é o próprio sistema de rotulagem. A Nomenclatura Internacional de Ingredientes Cosméticos (INCI) exige que os ingredientes sejam listados por seu nome químico universal. No caso do ácido esteárico, o nome INCI é sempre Stearic Acid, independentemente de sua origem ser sebo bovino ou óleo de palma.30 A molécula é quimicamente idêntica, e o sistema INCI não diferencia a fonte.18 Isso significa que a lista de ingredientes, por si só, é uma pista inconclusiva.

 

3.2. Passo a Passo para uma Compra Consciente: As Pistas na Embalagem e Além

Para superar a limitação do INCI, o consumidor pode adotar uma abordagem hierárquica, avaliando diferentes níveis de evidência que oferecem graus variados de confiança. Este método funciona como uma ferramenta de gerenciamento de risco, permitindo que cada pessoa decida o nível de segurança que considera aceitável.

 

Estratégia 1: Procurar Alegações Explícitas (Nível Básico de Confiança)

A forma mais simples de verificação é procurar por declarações diretas na embalagem ou na descrição online do produto. Marcas que utilizam ingredientes de origem vegetal geralmente têm orgulho disso e usam como um diferencial de marketing. Fique atento a termos como:

  • "100% Vegetal" ou "Origem Vegetal" 26
  • "Plant-Based" 30
  • "Estearina Vegetal" 7

Uma alegação explícita é uma autodeclaração da marca. Embora geralmente confiável, não é auditada por uma entidade externa.

 

Estratégia 2: O Poder das Certificações (Nível Máximo de Confiança)

As certificações de terceiros representam o padrão ouro de garantia. Elas transferem o ônus da prova do consumidor para uma organização especializada que audita rigorosamente toda a cadeia de suprimentos. Aqui, é crucial entender a diferença entre dois tipos de selos:

  • "Cruelty-Free" (Livre de Crueldade): Selos como o Leaping Bunny garantem que nem o produto final nem seus ingredientes foram testados em animais.36 No entanto, esta certificação
    não diz nada sobre a composição do produto. Um creme pode ser certificado como "cruelty-free" e ainda conter ácido esteárico derivado de sebo animal.
  • "Vegan" (Vegano): Esta certificação é a que realmente importa para a composição. Selos veganos garantem que o produto está livre de quaisquer ingredientes de origem animal. Além disso, a maioria dos programas de certificação vegana também exige que o produto seja livre de crueldade animal.37

No Brasil, os selos de maior confiança são:

  • Selo Vegano SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira): Este programa certifica produtos individuais (não empresas inteiras) e possui critérios rigorosos. Ele verifica (1) a ausência de ingredientes de origem animal na composição e no processo de fabricação, (2) que a empresa não testa o produto final em animais, e (3) que os fornecedores dos ingredientes também não realizam testes em animais.39
  • Certificado Vegano (Associação Brasileira de Veganismo): Outra certificação nacional robusta que segue padrões similares de verificação para garantir que os produtos sejam 100% livres de ingredientes e testes em animais.41

Selos internacionais como o "Animal Test-Free and Vegan" da PETA e o da The Vegan Society também são altamente confiáveis.38

 

Estratégia 3: Contato Direto com o Fabricante (O Último Recurso)

Se um produto não possui selo vegano nem alegações explícitas, a única maneira de obter uma resposta definitiva é entrar em contato direto com a marca. Isso pode ser feito por e-mail, formulário de contato no site ou redes sociais.10 Ao questionar, seja específico. Em vez de perguntar "este produto é vegano?", foque no ingrediente:

"Olá, gostaria de saber a origem do ingrediente 'Stearic Acid' listado na composição do [Nome do Produto]. Ele é derivado de fontes animais ou vegetais?"

Este método depende da transparência da empresa e do conhecimento da equipe de atendimento ao cliente, podendo, por vezes, levar a respostas imprecisas ou demoradas.

 

Seção 4: A Questão do Óleo de Palma: Um Dilema Ético Adicional para o Consumidor Consciente

Para muitos consumidores veganos, a ética não se limita a evitar a exploração animal. Ela se estende a preocupações com o meio ambiente e os direitos humanos. A descoberta de que a alternativa vegetal mais comum ao ácido esteárico animal é o óleo de palma abre um novo nível de questionamento ético, como uma matriosca (boneca russa) de dilemas. Resolver o primeiro problema (origem animal) revela um segundo: a sustentabilidade da fonte vegetal.

 

4.1. Por que o Óleo de Palma é a Fonte Vegetal Predominante?

O óleo de palma domina o mercado de óleos vegetais por uma razão principal: eficiência. As palmeiras de óleo (Elaeis guineensis) são incrivelmente produtivas, exigindo de quatro a dez vezes menos área de terra para produzir a mesma quantidade de óleo em comparação com outras culturas como soja ou girassol.43 Essa alta produtividade o torna um ingrediente versátil e economicamente atraente para a produção de alimentos, cosméticos e produtos de limpeza, incluindo o ácido esteárico.22

 

4.2. Os Impactos Socioambientais do Cultivo Não Sustentável

A alta demanda global por óleo de palma levou a uma expansão agrícola massiva, muitas vezes de forma irresponsável, com consequências devastadoras 43:

  • Desmatamento e Perda de Biodiversidade: Vastas áreas de florestas tropicais, especialmente na Indonésia e na Malásia, foram desmatadas para dar lugar a monoculturas de palma. Isso destrói ecossistemas críticos e habitats de espécies ameaçadas de extinção, como orangotangos, tigres de Sumatra e elefantes.43
  • Emissões de Carbono: O desmatamento, muitas vezes realizado através de queimadas, e a drenagem de solos de turfa (que são ricos em carbono) liberam enormes quantidades de gases de efeito estufa, contribuindo significativamente para as mudanças climáticas.45
  • Questões Sociais e de Direitos Humanos: A expansão das plantações de palma tem sido associada a conflitos por terras com comunidades indígenas e locais, além de denúncias de práticas trabalhistas injustas e exploração de trabalhadores.43

 

4.3. A Solução Sustentável: A Certificação RSPO

Boicotar o óleo de palma não é a solução mais eficaz, pois a substituição por outros óleos vegetais exigiria ainda mais terra, potencialmente agravando o problema do desmatamento.43 A abordagem mais construtiva é apoiar a produção sustentável.

A RSPO (Roundtable on Sustainable Palm Oil) é a principal certificação global que estabelece padrões rigorosos para a produção de óleo de palma sustentável.22 Um produto que utiliza óleo de palma ou seus derivados (como o ácido esteárico) com certificação RSPO garante que a matéria-prima foi produzida em conformidade com critérios que incluem:

  • Proteção de Florestas: Proibição do desmatamento de florestas primárias e áreas de Alto Valor de Conservação (HCV) e Alto Estoque de Carbono (HCS).45
  • Proteção de Solos de Turfa: Proibição de novas plantações em turfeiras desde 2018.45
  • Direitos Humanos e Trabalhistas: Compromisso com práticas de trabalho justas e respeito aos direitos das comunidades locais.43

Consumidores conscientes devem procurar por marcas que não apenas usem ácido esteárico de origem vegetal, mas que também declarem que sua fonte de palma é certificada pela RSPO.23

 

Seção 5: Conclusões e Recomendações: Navegando no Universo Cosmético com Confiança

A jornada para entender o ácido esteárico revela a complexidade por trás de um simples nome na lista de ingredientes. Para o consumidor vegano, a conscientização é a ferramenta mais poderosa. A boa notícia é que a pressão por transparência e ética já transformou o mercado, tornando as alternativas vegetais e sustentáveis cada vez mais acessíveis.

 

5.1. Resumo Prático: Seu Checklist de Bolso

Para facilitar a tomada de decisão durante as compras, a tabela abaixo resume o processo de verificação em uma hierarquia de confiança.

Método de Verificação

Nível de Confiança

Ação Recomendada

Selo Vegano Oficial (SVB, ABV, etc.)

ALTA

Compra segura. A certificação garante a ausência de ingredientes animais e, geralmente, de testes em animais.

Alegação "Origem Vegetal" na Embalagem

MÉDIA A ALTA

Geralmente seguro. É uma autodeclaração da marca, mas indica transparência.

Selo "Cruelty-Free" (Leaping Bunny, PETA)

BAIXA (para veganismo)

Não garante ausência de ingredientes animais. Verifique outros sinais ou selos.

Nenhuma informação no rótulo

NULA

Origem duvidosa. A melhor opção é contatar a marca para esclarecimento ou evitar o produto.

Bônus de Consciência: Menção à RSPO

MÁXIMA (Ética Holística)

A escolha mais completa, garantindo que o produto é vegano e que sua matéria-prima vegetal foi produzida de forma sustentável.

 

5.2. E as Alternativas? Existem Outros Caminhos?

Embora existam outros espessantes e ceras vegetais, como o álcool cetílico e as ceras de carnaúba e candelila, o ácido esteárico é difícil de substituir diretamente devido à sua capacidade única de criar texturas ricas e cremosas sem a sensação pesada ou cerosa de outras ceras.6 Alternativas tendem a resultar em produtos com uma consistência mais fina.6

Portanto, a estratégia mais eficaz para o consumidor vegano não é necessariamente procurar produtos sem ácido esteárico, mas sim identificar e apoiar marcas que utilizam ácido esteárico de origem vegetal e, idealmente, de fontes sustentáveis certificadas pela RSPO. Isso permite o acesso a formulações de alta performance sem comprometer os valores éticos.

 

5.3. Mensagem Final: O Poder do Consumidor Consciente

Cada compra informada é um voto. É um sinal claro para a indústria de que os consumidores exigem transparência, ética e sustentabilidade. A crescente dominância do ácido esteárico de origem vegetal no mercado não é uma coincidência; é o resultado direto da demanda de um público cada vez mais consciente.27 Ao questionar as marcas, priorizar produtos certificados e compartilhar informações, a comunidade vegana não apenas protege a si mesma, mas também impulsiona toda a indústria cosmética em direção a um futuro mais ético e responsável para os animais, as pessoas e o planeta.

Fontes:

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  3. Stearic Acid (Emulsifier) - Cosmetic Ingredient INCI - SpecialChem, accessed August 18, 2025, https://www.specialchem.com/cosmetics/inci-ingredients/stearic-acid
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  5. Ácido Esteárico - Central das Essências |, accessed August 18, 2025, https://www.centraldasessencias.com.br/product/produto-y/
  6. Ácido esteárico - Conteúdo - Instituto Meu Naturale, accessed August 18, 2025, https://meunaturale.com.br/conteudo/acido-estearico/
  7. Ácido Esteárico (Estearina Vegetal) - Atiká Insumos Cosméticos, accessed August 18, 2025, https://www.atikainsumos.com.br/acido-estearico-estearina-vegetal
  8. Stearic Acid - A Hardening Agent For Soaps, Candles, Cosmetics, accessed August 18, 2025, https://www.newdirectionsaromatics.com/blog/all-about-stearic-acid/
  9. Ácido Esteárico (Estearina Vegetal) - 13:20:HUB, accessed August 18, 2025, https://1320hub.com.br/beautypedia/ingredientes/acido-estearico-estearina-vegetal/
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  11. Stearic Acid for Skin: Benefits and Why It's Used in Skincare Products - Elchemy, accessed August 18, 2025, https://elchemy.com/blogs/per
  12. Stearic Acid Unveiled: The Multifaceted Role in Skincare Formulations - Clinikally, accessed August 18, 2025, https://www.clinikally.com/blogs/news/stearic-acid-uses-side-effects-and-how-to-use
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  14. Stearic Acid in Cosmetics: The Secret Ingredient for Skin Health, accessed August 18, 2025, https://www.oliviaoleo.com/stearic-acid-in-cosmetics-secret-ingredient-for-skin-health.html
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  44. Óleo de palma: qual o problema dele? - Korui, accessed August 18, 2025, https://korui.com.br/blogs/news/oleo-de-palma-qual-o-problema-dele
  45. Impacto ambiental - Mesa Redonda sobre Óleo de Palma Sustentável (RSPO), accessed August 18, 2025, https://rspo.org/pt/por-que-o-%C3%B3leo-de-palma-sustent%C3%A1vel/impacto-ambiental/
  46. Stearic Acid BP - RSPO - British Wax, accessed August 18, 2025, https://www.britishwax.com/types-of-natural-wax/stearic-acid-bp-rspo/
  47. Stearic Acid - 38% - RSPO MB by Jedwards - Covalo, accessed August 18, 2025, https://covalo.com/ingredients/permalink/jedwards-stearic-acid-38-rspo-mb
  48. 6 Vegan Waxes for Organic Cosmetic Formulations - Formula Botanica, accessed August 18, 2025, https://formulabotanica.com/6-vegan-waxes/
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