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Como as dietas vegetarianas impactam a saúde e a prevenção de doenças crônicas?

As dietas vegetarianas, especialmente aquelas focadas em alimentos integrais e naturais (conhecidas como "plant-based whole food diets"), têm impactos metabólicos importantes e estão associadas à prevenção e tratamento de doenças crônicas não transmissíveis. Os principais mecanismos e efeitos na saúde incluem:

  • Aumento do consumo de fibras: Dietas vegetarianas bem planejadas são ricas em fibras, que diminuem o esvaziamento gástrico (aumentando a saciedade), retardam a absorção de nutrientes (incluindo glicose, reduzindo o índice glicêmico) e promovem a formação de um bolo fecal mais volumoso e macio. A fibra melhora a sensibilidade à insulina, o perfil lipídico, o peso corporal e reduz o risco de doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer, como o colorretal.
  • Modulação positiva da microbiota intestinal: A dieta vegetariana favorece uma microbiota intestinal mais diversa e "sacarolítica" (baseada em carboidratos), em contraste com uma microbiota "proteolítica" (baseada em proteínas e gorduras animais), que produz substâncias nocivas. Uma microbiota sacarolítica produz mais ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs) como acetato, butirato e propionato, que são benéficos para a saúde dos colonócitos, a integridade da barreira intestinal e a prevenção de doenças metabólicas e autoimunes.
  • Maior ingestão de antioxidantes, fitoquímicos e fitoesteróis: Alimentos vegetais são significativamente mais ricos em antioxidantes do que alimentos animais (64,27 vezes mais por unidade de peso). Os antioxidantes protegem contra o estresse oxidativo e a inflamação, enquanto os fitoquímicos e fitoesteróis têm efeitos protetores, incluindo a redução do colesterol e a modulação da resposta imune. Estudos sugerem que dietas baseadas em plantas podem reduzir a gravidade de infecções como a COVID-19.
  • Exclusão de produtos animais e seus elementos negativos: A abstinência de produtos animais reduz a ingestão de gordura saturada, produtos finais de glicação e lipoxidação avançada (AGEs e ALEs), trimetilamina N-óxido (TMAO), ácido N-glicolilneuramínico (Neu5Gc) e ferro heme.
  • Gordura saturada: Afeta negativamente a microbiota intestinal e a sensibilidade à insulina, promovendo inflamação.
  • AGEs e ALEs: Encontrados em grandes quantidades em alimentos animais ricos em proteínas e gorduras, especialmente quando cozidos em altas temperaturas, contribuem para doenças como diabetes, doenças neurológicas, aterosclerose e câncer.
  • TMAO: Formado pela microbiota intestinal a partir de substratos presentes em alimentos animais (carnitina, colina), o TMAO está associado a um risco aumentado de doenças cardiovasculares (aterogenicidade, insuficiência cardíaca, AVC), distúrbios neurológicos, inflamação intestinal e mortalidade. Vegetarianos e veganos têm níveis significativamente mais baixos de TMAO.
  • Ferro heme: Presente na carne (especialmente vermelha), está associado a um risco aumentado de doenças cardiovasculares e câncer colorretal.
  • Neu5Gc: Abundante na carne vermelha, promove inflamação crônica e contribui para a carcinogênese.
  • Menor exposição a pesticidas e antibióticos: Animais na cadeia alimentar acumulam resíduos de pesticidas. Além disso, a pecuária intensiva utiliza a maioria dos antibióticos vendidos mundialmente, contribuindo para a resistência antimicrobiana, uma das maiores ameaças à saúde global. Vegetarianos tendem a ter menor exposição a pesticidas, especialmente se consumirem alimentos orgânicos.

Em resumo, uma dieta vegetariana bem planejada promove a saúde através de uma maior ingestão de nutrientes protetores, uma microbiota intestinal saudável e a eliminação de componentes dietéticos prejudiciais associados aos produtos animais.

Fonte: Guide to the Vegan Nutrition for Adults IVU

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