Quais são os critérios para identificar a senciência em um ser e por que alguns invertebrados também são considerados sencientes?
Para investigar quais seres são sencientes, são utilizados três tipos principais de critérios: fisiológicos, comportamentais e de lógica evolutiva.
- Fisiológicos: O principal critério é a presença de um sistema nervoso com um órgão centralizador (cérebro ou gânglios) para processar informações e criar condições para a consciência. Indicadores adicionais incluem a presença de analgésicos e nociceptores.
- Comportamentais: Observa-se como o ser se comporta em geral, especialmente se há mudanças em resposta a estímulos, indicando busca por experiências positivas e evitação de negativas.
- Vantagem Evolutiva: A senciência confere uma vantagem adaptativa para animais que podem se mover no ambiente, permitindo-lhes fugir de estímulos nocivos e buscar positivos, o que contribui para a sobrevivência e transmissão genética.
Não é necessário que o sistema nervoso seja como o de humanos ou mamíferos. Cefalópodes (como polvos e lulas), por exemplo, cumprem todos os critérios e são invertebrados. Muitos estudos sugerem que insetos, crustáceos e outros artrópodes são muito provavelmente sencientes, refutando a ideia de que a senciência exclui os invertebrados da consideração moral.
Fonte: colecao-uma-jornada-pela-etica-animal-livro-2-considerando-os-seres-sencientes.pdf
Este texto, parte da "Coleção Uma Jornada pela Ética Animal", Volume II: "Considerando os Seres Sencientes", de Luciano Carlos Cunha, aprofunda a fundamentação da ética animal centrada na senciência. O autor explora por que a senciência—a capacidade de ter experiências, positivas e negativas—é o critério moral relevante, em contraste com características como espécie ou cognição. A obra detalha como identificar a senciência por meio de indicadores fisiológicos, comportamentais e evolutivos, e defende o princípio da igual consideração para todos os seres sencientes, rejeitando o especismo como uma forma de discriminação. Adicionalmente, o livro aborda a aplicação do teste da imparcialidade para reavaliar a exploração animal, a importância da causa animal e a necessidade de dar o benefício da dúvida à senciência em contextos de incerteza, reforçando a urgência de transformar nossa relação com os animais.
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