É possível rejeitar o especismo sem aderir a uma teoria ética específica?
Sim, é perfeitamente possível rejeitar o especismo sem se vincular a uma teoria ética específica, como o utilitarismo. O princípio da igual consideração é compatível com diversas visões de ética não tendenciosas (como o maximin, o igualitarismo, teorias de direitos, éticas do cuidado, etc.) porque é um princípio formal. Ele exige que, independentemente dos princípios normativos substanciais adotados por uma teoria ética para determinar a ação correta, não haja tendenciosidade na sua aplicação.
Isso significa que, se uma teoria ética busca maximizar o bem-estar total (utilitarismo), elevar o nível de bem-estar mínimo (maximin) ou reduzir a desigualdade (igualitarismo), ela deve fazê-lo de forma imparcial, aplicando o mesmo critério a todos os seres sencientes, independentemente de sua espécie. A Declaração de Montreal Sobre a Exploração Animal, assinada por centenas de especialistas em ética, demonstra esse consenso ao condenar o tratamento de animais como objetos ou mercadorias, independentemente de suas perspectivas éticas individuais.

Fonte: colecao-uma-jornada-pela-etica-animal-livro-2-considerando-os-seres-sencientes.pdf
Este texto, parte da "Coleção Uma Jornada pela Ética Animal", Volume II: "Considerando os Seres Sencientes", de Luciano Carlos Cunha, aprofunda a fundamentação da ética animal centrada na senciência. O autor explora por que a senciência—a capacidade de ter experiências, positivas e negativas—é o critério moral relevante, em contraste com características como espécie ou cognição. A obra detalha como identificar a senciência por meio de indicadores fisiológicos, comportamentais e evolutivos, e defende o princípio da igual consideração para todos os seres sencientes, rejeitando o especismo como uma forma de discriminação. Adicionalmente, o livro aborda a aplicação do teste da imparcialidade para reavaliar a exploração animal, a importância da causa animal e a necessidade de dar o benefício da dúvida à senciência em contextos de incerteza, reforçando a urgência de transformar nossa relação com os animais.
- Acessos 33