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É necessário que um ser entenda a morte ou tenha desejos orientados para o futuro para ser prejudicado por ela?

Não, não é necessário. A alegação de que animais não humanos (ou mesmo bebês e crianças humanas) não são prejudicados pela morte porque não a entendem ou não possuem desejos orientados para o futuro é refutada.

Primeiramente, entender a morte não é um pré-requisito para ser prejudicado por ela. O medo da morte surge do reconhecimento de que ela é um dano, não o contrário. Um bebê, por exemplo, é prejudicado se for impedido de mamar, mesmo que não compreenda a perda, porque o ato de mamar lhe proporciona uma experiência positiva. Da mesma forma, animais sencientes valorizam as experiências positivas em suas vidas e são prejudicados pela morte porque ela as impede, independentemente de sua capacidade de entender o conceito de morte. Há uma distinção clara entre "ter uma perda" e "ter consciência da perda que teria".

Em segundo lugar, a frustração de desejos orientados para o futuro não é uma condição necessária para que a morte seja um dano. Embora seja uma forma pela qual a morte pode ser prejudicial (como no exemplo de alguém que planeja uma viagem e morre antes), o prejuízo principal reside na ausência do desfrute do objeto do desejo, independentemente de o desejo ter sido formalizado ou não. Duas crianças que morreriam antes de ir a um parquinho seriam igualmente prejudicadas por não desfrutarem da diversão, mesmo que apenas uma delas fosse capaz de antecipar e desejar a ida ao parquinho. Portanto, a capacidade de ter desejos futuros não determina se alguém é prejudicado pela morte, nem a magnitude desse dano.


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Fonte:  COLEÇÃO UMA JORNADA PELA ÉTICA ANIMAL DO BÁSICO AO AVANÇADO VOLUME 3
O texto, "Os Animais e o Dano da Morte," de Luciano Carlos Cunha, é o Volume III da coleção "Uma Jornada pela Ética Animal," que investiga a ética animal do básico ao avançado. A obra se aprofunda na questão do dano da morte para animais não humanos, examinando as condições sob as quais a morte é prejudicial e como sua magnitude deve ser avaliada. Cunha refuta a visão epicurista de que a morte nunca é um dano, argumentando que ela é prejudicial por impedir experiências positivas, e critica a ideia de que a complexidade cognitiva ou a capacidade de planejar o futuro são necessárias para que a morte seja um dano significativo. O livro também discute objeções à avaliação do dano da morte por meio de "Anos de Vida Ajustados pela Qualidade (AVAQs)" e desafia a noção de que animais são substituíveis ou que humanos são inerentemente mais prejudicados pela morte, propondo que a intensidade do dano deve ser considerada independentemente da espécie para uma ética mais imparcial.
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