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A capacidade de ter prazeres intelectuais torna a morte um dano maior, e os animais não humanos seriam menos prejudicados por sua ausência?

A alegação de que prazeres intelectuais são intrinsecamente mais valiosos e, portanto, sua privação torna a morte um dano maior, é questionável e não implica que animais não humanos sejam pouco prejudicados com a morte.

Primeiro, a ideia de que prazeres intelectuais são necessariamente mais valiosos é debatível. O valor de um prazer pode ser medido em termos de sua intensidade e duração, em vez de assumir uma hierarquia. Por exemplo, estar com alguém querido (uma experiência não intelectual) pode ser tão valioso quanto jogar xadrez (uma experiência intelectual), se produzirem a mesma satisfação e durarem o mesmo tempo. A visão que prioriza prazeres intelectuais parece tendenciosa ao dar-lhes mais valor mesmo com a mesma ou menor satisfação.

Segundo e mais importante, mesmo que os prazeres intelectuais fossem mais valiosos, isso não diminui o valor dos prazeres não intelectuais. As experiências não intelectuais dos animais não humanos podem ser extremamente gratificantes e, portanto, eles podem ser gravemente prejudicados pela morte ao serem impedidos de desfrutá-las. A ausência de prazeres intelectuais não fundamenta a conclusão de que o dano da morte para eles é pequeno.


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Fonte:  COLEÇÃO UMA JORNADA PELA ÉTICA ANIMAL DO BÁSICO AO AVANÇADO VOLUME 3
O texto, "Os Animais e o Dano da Morte," de Luciano Carlos Cunha, é o Volume III da coleção "Uma Jornada pela Ética Animal," que investiga a ética animal do básico ao avançado. A obra se aprofunda na questão do dano da morte para animais não humanos, examinando as condições sob as quais a morte é prejudicial e como sua magnitude deve ser avaliada. Cunha refuta a visão epicurista de que a morte nunca é um dano, argumentando que ela é prejudicial por impedir experiências positivas, e critica a ideia de que a complexidade cognitiva ou a capacidade de planejar o futuro são necessárias para que a morte seja um dano significativo. O livro também discute objeções à avaliação do dano da morte por meio de "Anos de Vida Ajustados pela Qualidade (AVAQs)" e desafia a noção de que animais são substituíveis ou que humanos são inerentemente mais prejudicados pela morte, propondo que a intensidade do dano deve ser considerada independentemente da espécie para uma ética mais imparcial.
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