Skip to main content

As intuições comuns sobre a magnitude do dano da morte são confiáveis, e a abordagem dos AVAQs as contraria?

As intuições comuns sobre a magnitude do dano da morte, como a de que humanos são sempre mais prejudicados do que animais, ou que adultos são mais prejudicados do que crianças, são frequentemente contraintuitivas para muitas pessoas e precisam ser testadas criticamente, em vez de serem simplesmente aceitas. A abordagem dos AVAQs (Anos de Vida Ajustados pela Qualidade) oferece um critério mais objetivo.

A objeção às implicações "absurdas" da abordagem dos AVAQs (como a de que um animal não humano ou uma criança poderia ser mais prejudicado que um adulto humano) falha porque "absurdo" não é uma razão em si. As intuições podem ser tendenciosas, fruto de preconceitos sociais ou vieses cognitivos (como a cascata de disponibilidade), e não um "sensor" automático do certo e errado. Em questões éticas, as intuições variam amplamente, e o objetivo da reflexão é justamente examinar e, se necessário, questionar essas crenças prévias.

A abordagem dos AVAQs, que mede o dano da morte com base na quantidade de desfrute que alguém experimentou e/ou teria para experimentar, é uma consequência lógica da explicação do dano da morte como privação de experiências positivas. Se alguém afirma que as conclusões dessa avaliação estão erradas, precisa apresentar um princípio que justifique suas intuições, em vez de apenas assumi-las como corretas. A "Abordagem dos Interesses Relativos ao Tempo" (AIRT), que introduz a conexão psicológica como fator, é criticada por sua circularidade e por ter implicações ainda mais contraintuitivas (como a de que crianças pequenas seriam pouco prejudicadas pela morte).

Portanto, a confiabilidade das intuições é questionável, e a medição baseada em AVAQs, por sua coerência com a explicação do dano da morte, coloca o ônus da prova em quem a contesta.


robozinho Chatbot por IA: Converse com nosso chatbot sobre este conteúdo.

Fonte:  COLEÇÃO UMA JORNADA PELA ÉTICA ANIMAL DO BÁSICO AO AVANÇADO VOLUME 3
O texto, "Os Animais e o Dano da Morte," de Luciano Carlos Cunha, é o Volume III da coleção "Uma Jornada pela Ética Animal," que investiga a ética animal do básico ao avançado. A obra se aprofunda na questão do dano da morte para animais não humanos, examinando as condições sob as quais a morte é prejudicial e como sua magnitude deve ser avaliada. Cunha refuta a visão epicurista de que a morte nunca é um dano, argumentando que ela é prejudicial por impedir experiências positivas, e critica a ideia de que a complexidade cognitiva ou a capacidade de planejar o futuro são necessárias para que a morte seja um dano significativo. O livro também discute objeções à avaliação do dano da morte por meio de "Anos de Vida Ajustados pela Qualidade (AVAQs)" e desafia a noção de que animais são substituíveis ou que humanos são inerentemente mais prejudicados pela morte, propondo que a intensidade do dano deve ser considerada independentemente da espécie para uma ética mais imparcial.
  • Acessos 37