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Por que a exploração de insetos e crustáceos decápodes é um problema ético de grande importância?

A exploração de insetos e crustáceos decápodes (como caranguejos, lagostas e camarões) é um problema ético de importância gigantesca devido à vasta quantidade de vítimas e ao intenso sofrimento a que são submetidos, mesmo que muitas vezes sejam negligenciados na discussão ética.

  1. Vasta quantidade de vítimas: A exploração de invertebrados, incluindo insetos e crustáceos decápodes, resulta na morte de trilhões de indivíduos anualmente. Por exemplo, entre 4,6 e 21 trilhões de cochonilhas são mortas para corante carmim, e cerca de 25 trilhões de camarões são mortos para consumo por ano. Esses números superam em muito a quantidade de vertebrados explorados, tornando-os a maior categoria de vítimas da exploração animal.
  2. Evidências de senciência: Há uma crescente quantidade de evidências neurocientíficas e comportamentais que sugerem senciência em insetos e crustáceos decápodes. Estudos mostram comportamento flexível, tomadas de decisão, aprendizagem, e a presença de sistemas nervosos centralizados com cérebros distintos e atividade elétrica. Relatórios oficiais, como o do governo do Reino Unido em 2021, já concluíram que crustáceos decápodes são sencientes. Embora mais pesquisas sejam necessárias para muitas espécies, a "generalização por benefício da dúvida" (tratar todas as espécies relacionadas como sencientes até prova em contrário) é a abordagem ética mais prudente, como já é feito para outros animais.
  3. Intenso sofrimento na exploração: Assim como outros animais, insetos e crustáceos são submetidos a condições cruéis:
  • Confinamento extremo: Vivem em espaços ainda menores em proporção ao seu tamanho.
  • Mutilações sem anestesia: Crustáceos decápodes sofrem ablação do pedúnculo ocular (arrancamento ou esmagamento dos olhos), remoção de garras e cortes para imobilizá-las, causando dor intensa, perda de visão, danos fisiológicos, e aumento da mortalidade.
  • Métodos de morte agonizantes: São mortos por congelamento, fervura viva, desmembramento, exposição a altas temperaturas, micro-ondas, ou asfixia (no caso de aquáticos fora d'água). Muitos desses métodos causam agonia severa e prolongada.
  • Transporte e estocagem: São transportados em condições estressantes, com superlotação, temperaturas inadequadas e falta de alimento/água, resultando em alta mortalidade.
  1. Razões éticas contra a exploração: A exploração de insetos e crustáceos é injusta pelas mesmas razões que a de outros seres sencientes: viola o princípio da igual consideração (são seres capazes de sofrer e desfrutar, independentemente da espécie), baseia-se no especismo (discriminação arbitrária por espécie) e não passa no teste da imparcialidade (ninguém aceitaria ser submetido a tais tratamentos).
  2. Refutação de objeções específicas:
  • "Pouco capazes de sofrer?": A menor complexidade cerebral não implica menor capacidade de sofrimento. Pode ser que a intensidade da dor seja crucial para a sobrevivência de animais com capacidades cognitivas mais simples.
  • "Pouco prejudicados com a morte?": A morte priva esses animais de experiências positivas, e não há justificativa para alegar que prazeres "não intelectuais" têm pouco valor.
  • "E se contassem menos?": Mesmo que se concedesse que um inseto individualmente "contasse menos", a quantidade colossal de vítimas faz com que a prioridade de protegê-los permaneça altíssima. Se um humano contasse mil vezes mais do que um inseto, ainda assim, o número de insetos explorados é tão massivo que o sofrimento total seria incomparavelmente maior.

Portanto, a exploração de insetos e crustáceos é um dos problemas mais cruciais da ética animal e exige consideração e oposição firmes.



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Fonte:  COLEÇÃO UMA JORNADA PELA ÉTICA ANIMAL DO BÁSICO AO AVANÇADO VOLUME 4
Este livro, "O Debate Sobre a Exploração Animal" de Luciano Carlos Cunha, Volume IV da coleção "Uma Jornada pela Ética Animal: Do Básico ao Avançado", oferece uma análise aprofundada da exploração animal por humanos. A obra detalha as condições de vida e morte de animais explorados para consumo, como galinhas, porcos, vacas e uma vasta gama de animais aquáticos e insetos, submetidos a sofrimento intenso e mutilações sem anestesia. Além de descrever a realidade da exploração, o autor examina criticamente os argumentos que buscam justificar essas práticas, desafiando noções como a superioridade humana, a cadeia alimentar, o instinto, a superpopulação e a ideia de que o consumo animal seria necessário para a continuidade de certas espécies, enquanto defende a senciência de todos os animais como a base para sua consideração moral.
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