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Animais com cérebros mais simples sentem menos? Existem diferentes graus de senciência?

Essa pergunta comum mistura três conceitos distintos que precisam ser separados para uma análise clara:

• Senciência: A "luz" da consciência: ou está acesa, ou está apagada. Um indivíduo ou é "alguém" ou é "algo".

• Valência: O "volume" da experiência: pode ir de um sussurro de dor a um grito de agonia. A valência pode variar enormemente.

• Cognição: O "poder de processamento" do cérebro: refere-se a quão complexos são os pensamentos, e não a quão intensos são os sentimentos.

É um erro assumir que maior cognição equivale a experiências mais intensas. Na verdade, por razões evolutivas, o oposto pode ser verdadeiro. Seres menos desenvolvidos cognitivamente, como animais precociais (aqueles que são ativos desde o nascimento), podem depender de experiências mais intensas como um motivador primário para a sobrevivência, pois precisam ser autossuficientes desde o início.

O psicólogo Richard Ryder, criador do termo especismo, resume bem este ponto: "Suas experiências podem ser mais simples do que as nossas, mas serão menos intensas? Talvez a dor primitiva que uma lagarta sente ao ser esmagada seja maior do que nossos sofrimentos mais sofisticados."


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Fonte:  COLEÇÃO UMA JORNADA PELA ÉTICA ANIMAL DO BÁSICO AO AVANÇADO VOLUME 6

Este livro, parte da "Coleção Uma Jornada pela Ética Animal: Do Básico ao Avançado", dedica-se ao critério da senciência como fundamento para a consideração moral. O autor, Luciano Carlos Cunha, argumenta que a capacidade de ter experiências positivas e negativas (senciência) é o que realmente importa para decidir a quem devemos consideração moral, contrastando com visões antropocêntricas ou biocêntricas. A obra desmistifica a ideia de que a senciência é antropocêntrica e explora diversas objeções a este critério, como a alegação de que ele não aborda danos sem sofrimento ou exclui insetos, defendendo que tais críticas são equivocadas. Em última análise, o texto propõe que a senciência é a base mais coerente para uma ética animal que busca minimizar o sofrimento e maximizar o bem-estar dos indivíduos.
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