O biocentrismo não é melhor por ser mais inclusivo que a ética da senciência?
Maior inclusividade não é inerentemente melhor; o critério de inclusão deve ser moralmente relevante. O biocentrismo falha nesse aspecto.
A vida não senciente não pode ser prejudicada ou beneficiada em um sentido moralmente significativo, pois não há um sujeito para experienciar esse dano ou benefício. Uma planta não se importa se é regada ou cortada, pois não há "ninguém" ali para quem as coisas possam ir melhor ou pior.
Paradoxalmente, o biocentrismo é, em um aspecto importante, menos inclusivo. Ele excluiria potenciais seres sencientes não-biológicos (como uma inteligência artificial consciente), pois eles não seriam "seres vivos". O critério da senciência, por outro lado, os incluiria, pois o que importa é a capacidade de ter experiências, não a composição orgânica.

Fonte: COLEÇÃO UMA JORNADA PELA ÉTICA ANIMAL DO BÁSICO AO AVANÇADO VOLUME 6
Este livro, parte da "Coleção Uma Jornada pela Ética Animal: Do Básico ao Avançado", dedica-se ao critério da senciência como fundamento para a consideração moral. O autor, Luciano Carlos Cunha, argumenta que a capacidade de ter experiências positivas e negativas (senciência) é o que realmente importa para decidir a quem devemos consideração moral, contrastando com visões antropocêntricas ou biocêntricas. A obra desmistifica a ideia de que a senciência é antropocêntrica e explora diversas objeções a este critério, como a alegação de que ele não aborda danos sem sofrimento ou exclui insetos, defendendo que tais críticas são equivocadas. Em última análise, o texto propõe que a senciência é a base mais coerente para uma ética animal que busca minimizar o sofrimento e maximizar o bem-estar dos indivíduos.
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