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A vida biológica tem valor em si mesma ou apenas as experiências que ela permite?

A ética da senciência posiciona a vida como tendo valor instrumental — ela é valiosa como um meio para a existência de experiências. A vida biológica não é um fim em si mesma. Os seguintes experimentos mentais ajudam a ilustrar este ponto:

• O Coma Irreversível: Se você tivesse que escolher entre ser aniquilado agora ou viver para sempre em um coma total e irreversível, sem qualquer experiência, haveria alguma diferença? Do seu ponto de vista, ambas as opções são equivalentes à aniquilação, sugerindo que o mero fato de o corpo estar biologicamente vivo não tem valor intrínseco.

• A Seguradora Desonesta: Imagine pagar por uma apólice que garante "vida após a morte", apenas para descobrir que se trata de uma existência puramente biológica, sem consciência. Você se sentiria enganado, pois o que valoramos não é a vida biológica em si, mas a vida psicológica — a continuidade das experiências.

• Senciência sem Vida: Se sua consciência pudesse ser transferida para um corpo não biológico, permitindo que suas experiências continuassem, a maioria das pessoas aceitaria. Isso mostra que o que realmente valorizamos é a continuidade de nossa senciência, não a nossa matéria orgânica.
Essas comparações teóricas nos preparam para analisar uma das implicações práticas mais diretas da ética da senciência: a escolha do que comer.


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Fonte:  COLEÇÃO UMA JORNADA PELA ÉTICA ANIMAL DO BÁSICO AO AVANÇADO VOLUME 6

Este livro, parte da "Coleção Uma Jornada pela Ética Animal: Do Básico ao Avançado", dedica-se ao critério da senciência como fundamento para a consideração moral. O autor, Luciano Carlos Cunha, argumenta que a capacidade de ter experiências positivas e negativas (senciência) é o que realmente importa para decidir a quem devemos consideração moral, contrastando com visões antropocêntricas ou biocêntricas. A obra desmistifica a ideia de que a senciência é antropocêntrica e explora diversas objeções a este critério, como a alegação de que ele não aborda danos sem sofrimento ou exclui insetos, defendendo que tais críticas são equivocadas. Em última análise, o texto propõe que a senciência é a base mais coerente para uma ética animal que busca minimizar o sofrimento e maximizar o bem-estar dos indivíduos.
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