Primeiramente, é importante reiterar que não há evidências de que as plantas sejam sencientes. No entanto, mesmo que elas tivessem algum grau de consideração moral, a diferença fundamental reside na natureza e na gravidade do dano infligido.
Os seres sencientes podem ser prejudicados de formas particularmente graves que os seres não sencientes não podem: através do sofrimento e da privação de futuras experiências positivas. Essa distinção é tão poderosa que até mesmo Paul Taylor, um dos principais defensores do biocentrismo (a visão de que toda a vida importa), admitiu que, em um conflito, é menos errado prejudicar plantas do que animais sencientes, precisamente porque os animais podem sofrer.
Como seres não sencientes não têm experiências, eles não podem sofrer nem ser privados de um futuro positivo. Portanto, com base na capacidade de dano, é inequivocamente menos errado consumir plantas do que animais.
Na verdade, quem levasse a sério a consideração moral pelas plantas adotaria o "frutarianismo botânico ético"—consumindo apenas frutos que se desprendem naturalmente. O fato de quase ninguém que usa este argumento estar disposto a fazer isso revela que ele é, na maioria das vezes, uma desculpa para justificar o dano a seres que sentem, e não uma preocupação genuína com as plantas.
Em última análise, uma ética consistente e compassiva exige que olhemos para além de linhas arbitrárias de espécie ou inteligência e nos concentremos na única qualidade que realmente importa: a capacidade de sentir. A senciência não é apenas um critério; é o próprio fundamento da relevância moral.
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Este livro, parte da "Coleção Uma Jornada pela Ética Animal: Do Básico ao Avançado", dedica-se ao critério da senciência como fundamento para a consideração moral. O autor, Luciano Carlos Cunha, argumenta que a capacidade de ter experiências positivas e negativas (senciência) é o que realmente importa para decidir a quem devemos consideração moral, contrastando com visões antropocêntricas ou biocêntricas. A obra desmistifica a ideia de que a senciência é antropocêntrica e explora diversas objeções a este critério, como a alegação de que ele não aborda danos sem sofrimento ou exclui insetos, defendendo que tais críticas são equivocadas. Em última análise, o texto propõe que a senciência é a base mais coerente para uma ética animal que busca minimizar o sofrimento e maximizar o bem-estar dos indivíduos.