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Quais são os problemas mais negligenciados dentro da própria causa animal?

Resposta: Dentro do próprio movimento de defesa animal, a atenção e os recursos não são distribuídos de acordo com a escala de cada problema. Existem áreas de negligência interna que representam oportunidades de impacto ainda maiores para um ativismo focado. As quatro principais são:

  1. Animais para alimentação: Embora a pecuária seja responsável pela morte de mais de 99,7% dos vertebrados terrestres explorados nos EUA, as organizações focadas neste problema recebem apenas 0,8% das doações destinadas à causa animal no país. Em contraste, abrigos para cães e gatos, que lidam com 0,03% dos animais mortos, recebem 66% dos fundos.

  2. Animais aquáticos e invertebrados: O debate público frequentemente cita os 80 bilhões de mamíferos e aves mortos anualmente. No entanto, esse número representa apenas entre 0,1% e 0,2% do total de animais mortos para consumo. A grande maioria das vítimas — trilhões de peixes, insetos e crustáceos — é quase completamente ignorada. Para se ter uma ideia da escala, a qualquer momento, existem cerca de 230 bilhões de camarões sendo criados em fazendas industriais, um número que, por si só, supera em muito a população de todos os vertebrados terrestres de pecuária.

  3. Animais na natureza: O sofrimento de animais selvagens devido a causas naturais como fome, doenças, parasitismo e predação é um problema de escala imensa e quase totalmente negligenciado. A população estimada de animais sencientes na natureza, entre 1 a 10 quintilhões, vive, em sua maioria, vidas curtas e repletas de dor. O foco do ativismo tende a se limitar aos danos causados por humanos, ignorando essa vasta fonte de sofrimento.

  4. Seres sencientes do futuro: Há uma negligência em relação ao impacto de longo prazo das nossas ações. As decisões que tomamos hoje podem influenciar a existência e o bem-estar de um número vastíssimo de seres sencientes no futuro. Priorizar estratégias que garantam um futuro com menos sofrimento é uma das áreas de maior impacto potencial e, ainda assim, uma das menos consideradas.


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Fonte:  COLEÇÃO UMA JORNADA PELA ÉTICA ANIMAL DO BÁSICO AO AVANÇADO VOLUME 8

Este texto, parte da Coleção Uma Jornada pela Ética Animal, volume VIII, escrito por Luciano Carlos Cunha, propõe um exame rigoroso e eficiente do ativismo em defesa dos animais. A obra dedica-se a estabelecer critérios práticos para que ativistas possam selecionar as causas e problemas mais urgentes, além de avaliar a eficácia das estratégias de ação. Um tema central é a extrema negligência sofrida pelos animais não humanos, especialmente aqueles explorados para consumo e os que sofrem na natureza, indicando que a causa animal atende aos critérios de prioridade devido à imensa escala de sofrimento envolvida. O livro também explora debates estratégicos cruciais, como a eficiência de focar no veganismo versus na redução do consumo, a polêmica das regulamentações de bem-estar animal, e a crescente importância da carne cultivada como uma solução tecnológica para mitigar a exploração.
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