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Eng.
Alfredo Akira Ohnuma Jr. |
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Ecoterra
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Paula
Schuwenck
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Para que serve o desmatamento?
Publicado em 24/05/2005
A exploração econômica da terra
Cientista Ambiental: Alfredo Akira Ohnuma Jr.
e-mail: fred@guiavegano.com
O uso descontrolado da terra, como base para a produção de alimentos e fornecimento de subsídios necessários à pecuária, tem afetado drasticamente as condições ambientais. A perda da capacidade de fertilização natural do solo e o crescente acúmulo de áreas de desmatamento se apresentam nesta condição. Uma das práticas de destruição dessa camada fértil do solo está no uso intensivo da terra para a criação de gados, através do pisoteio, que é ocasionado pela formação de pastagens em geral (processo de desertificação do solo).
O modo de produção baseado na competitividade e na exploração demasiada da terra (e do animal), conforme OHNUMA JR. (2004), fez com que processos contínuos de desertificação do uso do solo se intensificassem de forma acelerada. Desertificação define-se como sendo o empobrecimento de ecossistemas áridos (semi e sub), impactados por ações antrópicas (causadas pelo homem).
A cada ano, segundo a Earth Save Foundation (1992), milhares
de km² de florestas são destruídas de forma
permanente, ocasionando a extinção de mais de
1000 espécies de plantas e animais. Uma taxa atual aproximada
de 1000 espécies nativas são extintas devido à destruição
de florestas tropicais. E dessas 1000 espécies, cerca
de 250 são eliminadas na América Central para
dar lugar a pastagens e fazendas de gado.
Estudos recentes apresentados pelo Banco Mundial (2003), demonstra
que a evolução do uso da terra tem se intensificado
no início dos anos 70. A principal mudança no
uso do solo é a enorme expansão da área
ocupada pelas pastagens, com cerca de 70% dessas áreas
desmatadas para este fim no ano de 1995.
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Tabela – Evolução do uso da terra na Amazônia Legal, anos censitários
(%)
Uso / Ano |
1970 |
1975 |
1980 |
1985 |
1995 |
Lavouras |
0,3 |
0,6 |
1,0 |
1,2 |
1,1 |
Pastos |
0,7 |
1,4 |
2,6 |
3,8 |
6,6 |
Inutilizadas |
2,0 |
2,0 |
2,6 |
2,7 |
1,8 |
ÁREAS TOTAIS DESMATADAS |
3,0 |
4,0 |
6,2 |
7,7 |
9,5 |
Uso / Ano |
1970 |
1975 |
1980 |
1985 |
1995 |
Reservas |
87,9 |
84,5 |
79,6 |
77,3 |
76,3 |
Pastos naturais |
4,0 |
4,5 |
5,1 |
4,7 |
3,6 |
Florestas privadas |
5,1 |
7,0 |
9,1 |
10,3 |
10,6 |
ÁREAS TOTAIS NÃO-DESMATADAS |
97,0 |
96,0 |
93,8 |
92,3 |
90,5 |
(Banco Mundial, 2003)
Do mesmo documento, observa-se um casamento de interesses em prol da terra e de sua produtividade, visto que é a lucratividade da pecuária que determina o desmatamento e a conversão de florestas em pastagens rentáveis. Direta ou indiretamente, esta atividade se relaciona com os nossos hábitos alimentares, uma vez que são bens e valores atribuídos a demanda pelo consumo da carne ditada pela associação agropastoril e pecuária intensiva. São elementos aparentemente dissociados, mas quando analisados em detalhes, há de se perceber direções que delimitam a exploração dessas áreas em prol de um cenário que permeia um tipo de consumo desequilibrado.
Figura 1– Evolução de áreas desmatadas na Amazônia em Km² x ano
Na Amazônia Legal (correspondente a parte brasileira), nos últimos 15 anos, foram desmatados mais de 240 mil km² (aproximadamente o tamanho do estado de São Paulo), o que representa 5% de sua área total. E desses 240 mil km², aproximadamente 16 mil km² (pouco mais que 10 vezes o tamanho do município de São Paulo) corresponde às áreas de pastagens.
A situação da Mata Atlântica não é diferente. De sua área total nativa, apenas 7% (ou 95.000Km², o que corresponde aproximadamente ao tamanho do estado de Santa Catarina), fazem parte de sua formação inicial. Isso significa que mais de 90% de sua área original já não existe mais. Antigas áreas de florestas se transformaram em matas secundárias, restingas e mangues. Em vista disso, a Rede de ONG´s da Mata Atlântica (RMA), lançou uma campanha nacional no dia 27 de maio (Dia da Mata Atlântica) um abaixo-assinado virtual para o recolhimento de assinaturas que apóiam a aprovação do Projeto de Lei, substitutivo a PL nº 285/1999, que define o uso e a proteção do bioma natural remanescente. Você pode ajudar a preservar esses remanescentes clicando aqui.
Figura 2– Evolução do desmatamento da Mata Atlântica: situação original e atual.
(fonte:
http://www.sosmataatlantica.org.br/)
Referências Bibliográficas:
BANCO MUNDIAL (2003). Causas do Desmatamento da Amazônia Brasileira, 1ª Ed. Brasília/DF.
EARTH SAVE FOUNDATION (1992). Our Food Our World – The Realities of an Animal-Based Diet, Santa Cruz, 1992.
IBGE (2000). Censo 2000.
INPE (vários anos). Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira. Instituto de Pesquisas Espaciais, São Paulo-SP.
OHNUMA JR., A. A. (2004). Elementos de um Hábito (In)Sustentável. Apresentado no 36° Congresso Vegetariano Mundial. Sociedade Vegetariana Brasileira. Florianópolis, 8-14 nov. 2004.
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