O que é senciência e por que ela é importante para a ética animal?
A senciência é a capacidade de ter experiências subjetivas, ou seja, de possuir uma consciência. Isso inclui sentir dor, prazer, sofrimento, alegria e qualquer outra forma de vivência interna. É essa capacidade que transforma um ser em "alguém" em vez de meramente "algo". Um corpo vivo sem senciência seria como um recipiente vazio; com senciência, há um indivíduo habitando aquele corpo.
A senciência é o critério mais relevante para a consideração moral porque o que está em jogo na ética é precisamente a capacidade de um ser ser prejudicado ou beneficiado. As experiências possuem o que se chama de valência, podendo ser vivenciadas como positivas (prazer, satisfação) ou negativas (dor, medo). Um ser senciente pode ser prejudicado de duas formas básicas:
- Pela presença de experiências negativas (como o sofrimento).
- Pela ausência de experiências positivas (como quando é privado de desfrutar a vida ao ser morto).
Portanto, é a senciência que torna um indivíduo vulnerável a danos e capaz de bem-estar, tornando-o um sujeito de consideração moral.

Fonte: COLEÇÃO UMA JORNADA PELA ÉTICA ANIMAL DO BÁSICO AO AVANÇADO VOLUME 6
Este livro, parte da "Coleção Uma Jornada pela Ética Animal: Do Básico ao Avançado", dedica-se ao critério da senciência como fundamento para a consideração moral. O autor, Luciano Carlos Cunha, argumenta que a capacidade de ter experiências positivas e negativas (senciência) é o que realmente importa para decidir a quem devemos consideração moral, contrastando com visões antropocêntricas ou biocêntricas. A obra desmistifica a ideia de que a senciência é antropocêntrica e explora diversas objeções a este critério, como a alegação de que ele não aborda danos sem sofrimento ou exclui insetos, defendendo que tais críticas são equivocadas. Em última análise, o texto propõe que a senciência é a base mais coerente para uma ética animal que busca minimizar o sofrimento e maximizar o bem-estar dos indivíduos.
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