A ética da senciência se preocupa apenas com o sofrimento? Se a senciência é o que importa, a morte indolor de um animal não seria um problema?
Este é um dos equívocos mais comuns. A consideração pelos seres sencientes vai muito além da simples prevenção do sofrimento. O dano também ocorre pela ausência de experiências positivas.
Uma morte, mesmo que indolor, representa um dano imenso porque priva o indivíduo de todo o potencial futuro de bem-estar, alegria e desfrute. Explicar por que a morte é um prejuízo exige, na verdade, apelar para a senciência: a morte é ruim porque impede a continuidade das experiências positivas que a vida poderia conter. Portanto, longe de ignorar o dano da morte, o critério da senciência oferece a explicação mais clara para ele.

Fonte: COLEÇÃO UMA JORNADA PELA ÉTICA ANIMAL DO BÁSICO AO AVANÇADO VOLUME 6
Este livro, parte da "Coleção Uma Jornada pela Ética Animal: Do Básico ao Avançado", dedica-se ao critério da senciência como fundamento para a consideração moral. O autor, Luciano Carlos Cunha, argumenta que a capacidade de ter experiências positivas e negativas (senciência) é o que realmente importa para decidir a quem devemos consideração moral, contrastando com visões antropocêntricas ou biocêntricas. A obra desmistifica a ideia de que a senciência é antropocêntrica e explora diversas objeções a este critério, como a alegação de que ele não aborda danos sem sofrimento ou exclui insetos, defendendo que tais críticas são equivocadas. Em última análise, o texto propõe que a senciência é a base mais coerente para uma ética animal que busca minimizar o sofrimento e maximizar o bem-estar dos indivíduos.
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