A ética ambiental e a defesa dos animais são a mesma coisa?
Não, e na verdade, elas estão frequentemente em conflito fundamental.
• O ambientalismo é a visão de que entidades não sencientes, como espécies, ecossistemas e processos naturais, possuem valor intrínseco e devem ser preservadas por si mesmas.
• A ética da senciência valoriza essas entidades apenas de forma instrumental, ou seja, pelo impacto que têm no bem-estar dos seres sencientes.
Essa diferença leva a conclusões práticas opostas. Para um ambientalista, preservar um ecossistema "intocado" pode ser um objetivo final, mesmo que isso signifique que os animais sencientes que vivem nele continuem a sofrer imensamente com fome, doenças e predação. Para uma ética focada na senciência, "preservar a natureza" pode ser algo profundamente prejudicial para os indivíduos que realmente importam: os animais sencientes.

Fonte: COLEÇÃO UMA JORNADA PELA ÉTICA ANIMAL DO BÁSICO AO AVANÇADO VOLUME 6
Este livro, parte da "Coleção Uma Jornada pela Ética Animal: Do Básico ao Avançado", dedica-se ao critério da senciência como fundamento para a consideração moral. O autor, Luciano Carlos Cunha, argumenta que a capacidade de ter experiências positivas e negativas (senciência) é o que realmente importa para decidir a quem devemos consideração moral, contrastando com visões antropocêntricas ou biocêntricas. A obra desmistifica a ideia de que a senciência é antropocêntrica e explora diversas objeções a este critério, como a alegação de que ele não aborda danos sem sofrimento ou exclui insetos, defendendo que tais críticas são equivocadas. Em última análise, o texto propõe que a senciência é a base mais coerente para uma ética animal que busca minimizar o sofrimento e maximizar o bem-estar dos indivíduos.
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