Homocisteína:
uma proteína bandida
24/07/2005
Por
Drª Marília Fernandes, nutricionista - CRN3/1693
Total Salute Nutrição & Estilo de Vida - www.totalsalute.com.br
Há cerca de quatro anos uma série de mortes
por problemas cardíacos intrigou a equipe da Unidade
de Aterosclerose do Instituto do Coração (InCor),
ligado à Universidade de São Paulo. Em todos
esses casos o coração havia parado de bater porque
as artérias que levam oxigênio e nutrientes até esse órgão
estavam obstruídas por placas de gordura, impedindo
a passagem de sangue. Um ponto em especial atraiu a atenção
dos médicos: das 51 pessoas que morreram em decorrência
da aterosclerose (acúmulo de gordura na parede das artérias),
25 não apresentavam um dos principais sinais desse problema,
já que os níveis de colesterol no sangue eram
considerados saudáveis. A equipe chefiada pelo cardiologista
Protásio Lemos da Luz decidiu então investigar
a composição das placas de aterosclerose e, diferentemente
do esperado, constatou que tanto em pacientes com colesterol
alto quanto nas pessoas com taxas dentro dos níveis
normais a quantidade de gordura na parede das artérias
coronárias era a mesma.
O resultado desse estudo, conduzido por
Délio Braz
Junior, ajuda a redefinir a importância de um dos testes
mais usados pelos médicos para determinar o risco de
uma pessoa desenvolver aterosclerose, causa mais comum de doenças
cardíacas como o infarto ou de problemas vasculares,
a exemplo do acidente vascular cerebral, que matam a cada ano
cerca de 17 milhões de pessoas no mundo, 300 mil delas
no Brasil. "A doença se desenvolve independentemente
dos níveis de colesterol", afirma Braz Junior.
Protásio completa: "A premissa anterior era que
quanto mais elevado o nível de colesterol no sangue,
mais gordura deveria haver na parede das artérias coronárias".
Mas não foi o que encontraram. O trabalho da equipe
do InCor sugere que o colesterol é decisivo na formação
da placa, porém há outros fatores que pesam nesse
processo. Um deles - pouco considerado pelos médicos
até então - é a concentração
elevada no sangue de uma proteína chamada homocisteína,
que o grupo demonstrou estar relacionada também ao desenvolvimento
da aterosclerose. Ao analisar 236 pessoas atendidas no InCor,
o cardiologista José Rocha Faria Neto, hoje na Pontifícia
Universidade Católica do Paraná, verificou que
o nível de homocisteína no sangue era mais alto
entre os indivíduos com placas de gordura nas coronárias
que entre aqueles com o coração saudável,
como já haviam sugerido outras pesquisas.
Faria Neto descobriu também que quanto maior a taxa
de homocisteína - o normal é entre 5 e 15 micromols
por litro de sangue - mais comprometidas estavam as artérias
coronárias. É que a concentração
elevada de homocisteína altera o endotélio e,
conseqüentemente, lesa os vasos sangüíneos,
provocando o surgimento de uma inflamação e favorecendo
a formação das placas gordurosas.
Protásio alerta: "Esse não é um fator
de risco clássico, mas pode desencadear ou agravar a
doença coronariana". Com base nesses resultados,
a determinação da taxa de homocisteína
começa aos poucos a integrar os rotineiros exames cardiovasculares.
O novo achado da equipe do InCor tem
importância prática:
indica que, se uma pessoa não apresentar os fatores
de risco típicos da doença, vale a pena verificar
suas taxas de homocisteína. O tratamento é simples:
uma vitamina do complexo B chamada ácido fólico é suficiente
para baixar a taxa de homocisteína para valores próximos
aos normais e restaurar a capacidade de as artérias
se dilatarem. Essas descobertas levaram a equipe a reavaliar
o peso dos fatores de risco considerados clássicos para
a formação das placas gordurosas - entre eles
colesterol alto, hipertensão arterial, sedentarismo,
tabagismo, obesidade e diabetes - e a buscar formas não-invasivas
de detectar precocemente e tratar as doenças das artérias
do coração. (Agência FAPESP)
DICA TOTAL SALUTE (Por Marília
Fernandes)
Pesquisadores da Universidade de Harvard,
nos Estados Unidos, fazem um alerta: fumar mais de 20 cigarros
por dia, beber mais de 9 xícaras de café e ingerir muito álcool
podem aumentar os níveis de homocisteína no sangue.
Se você tem histórico familiar de cardiopatias,
vale a pena seguir as recomendações da American
Heart Association: uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais
e grãos e uma dose diária de 400 microgramas
de ácido fólico vinda dos alimentos.
ONDE ENCONTRAR ÁCIDO FÓLICO?
Quantidade de Ácido Fólico (em microgramas)
por porção de alimento
Abacate (polpa amassada): ½ xícara de chá =
77
Alcachofra: 1 unidade grande = 150
Alho-poró (picado): 1 xícara de chá =
50
Alface: 4 folhas grandes = 80
Aspargo em conserva: 5 unidades médias
= 130
Banana: 1 unidade média = 45
Beterraba: 1 unidade média =
130
Brócolis: 2 buquês médios
= 95
Chicória: 4 folhas = 110
Couve-de-bruxelas: 4 unidades grandes = 130
Endívia: 1 bulbo pequeno = 142
Espinafre (cozido e picado): 1 xícara de chá =
235
Feijão cozido: ½ xícara de chá =
165
Germe de trigo: ¼ xícara de chá =
100
Grão-de-bico cozido: ½ xícara de chá =
155
Laranja: 1 unidade média = 40
Lentilha cozida: ½ xícara de chá =
90
Mandioquinha: 1 unidade média
= 55
Mostarda fresca cozida: ½ xícara de chá =
51
Quiabo (picado): 1 xícara de chá =
80
Semente de Girassol: ¼ xícara de chá =
80
Soja cozida: ½ xícara de chá =
120
Por Drª Marília Fernandes, nutricionista - CRN3/1693
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