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Dr. Eric Slywitch
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Dr. George Guimarães
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Prof. Luiz Eduardo Carvalho |
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Dra. Márcia C. T. Martins |
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Drª Marília Fernandes
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Drª Nancy Appleton
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Suplementos de B12 |
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ALIMENTOS NATURAIS:
Conceituação e Percepções
CONCLUSÃO
Quando uma empresa anuncia ou rotula como natural , ela não está, supostamente, pretendendo vender apenas um produto, mas sim um estilo de vida. Dietéticos, naturais, orgânicos, alternativos, todos ficam na mesma prateleira do supermercado, e se destinam aos mesmos consumidores. Ali eles se encontram, ainda que como no caso típico dos restaurantes naturais, para comer frituras!
Materializamos o produto, em vez de controlar a conduta. Em vez de adotarmos uma relação natural com a comida e com o ato de comer, em vez de autoconstruirmos essa renaturalidade, optamos por tentar adquiri-la no mercado, transformadas em produtos. Em vez de adotarmos uma dieta natural, acentuamos, dia a dia, uma conduta dietética afastada da natureza, mas pretensamente composta de itens ditos naturais. Em vez de comer em horários convencionais, regularmente, com tranquilidade, em volumes apropriados, optamos por comer apressados, de pé, sem mastigar direito, em meio a fumantes, estressadamente.
Uma coisa é querer circunscrever o objeto em observação, esse termo alimento natural e, então, analisá-lo pelo prisma estritamente químico-bromatológico, fazendo uso de indicadores de nutrição e toxicologia. O problema é que tais indicadores são muito bons para estudos circunscritos ao espaço do laboratório analítico, também bromatológico. E quando o termo natural emerge para surgir no rótulo, não é mais unicamente de bromatologia que estamos falando, não é já unicamente pelo mundo da química que estamos sendo abraçados, mas sim pelo mundo dos símbolos e representações sociais. Nesse contexto, a regulamentação do uso desse, digamos, natural claim, deve transcender os fenômenos circunscritos aos tubos de ensaio, se preocupando com o espaço que a comida ocupa nas mentes e corações. Ou, em termos práticos, objetivos e operacionais, se o Estado pretende regulamentar alguma coisa nesse campo, fundado em compromissos com a proteção do consumidor e com a saúde pública, então, melhor seria coibir o uso desregrado e indiscriminado dessa terminologia - na maior parte das vezes visando induzir o consumidor a erro - e apoiar campanhas que evidenciem que uma dieta natural não é o somatório de alimentos ditos naturais dentro do cardápio. Mas, em vez disso, um relacionamento mais natural com a comida, a bebida, considerando horários, quantidades, variedades e, mais que tudo, uma ingestão serena e uma digestão tranquila. Uma alimentação natural pode, em suma, ser perfeitamente alcançada, ao menos no primeiro estágio, sem o consumo de alimentos ditos naturais.
Luiz Eduardo Carvalho
Prof. da Faculdade de Farmácia da UFRJ
Fonte: http://acd.ufrj.br/consumo/leituras/ld_lec_alimnaturais.htm
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