Prezado senhor Prefeito de Porto Alegre,
Há
muito tempo eu já deveria ter mandado este email, como há muito tempo o
senhor já deveria ter feito algo para que a lei, a Constituição
Brasileira e o Código do Meio Ambiente fossem respeitados na cidade de
Porto Alegre.
Eu
poderia apelar pela ética que a questão envolve, mas pelo que estou
vendo neste período em que o senhor teve oportunidade de fazer alguma
coisa para respeitar os animais indefesos e nada fez, eu tenho que
apelar pela Justiça!
Se
para o senhor é normal deixar que animais sejam usados e sacrificados
para serem depois descartados como se faz com uma garrafa descartável
então eu apelo para a lei, senhor prefeito.
Sim,
eu sou ativista pelos direitos dos animais, mas também sou ativista
pelos direitos humanos e igualmente ativistas nestas questões dos
animais. Não me olhe com preconceito, como fazem aqueles que ainda
mantêm conceitos que lhes permitem maltratar animais!
Preocupo-me
igualmente com as pessoas e sei que a situação de muitos carroceiros,
se bem não seja o quadro todo, é igualmente delicada. Sabemos que há
questões muito sérias que permeiam esta situação e que envolve mesmo
uma máfia que lucra com o lixo e a exploração de pessoas sem recursos
com é o caso dos carroceiros. No entanto não fazer nada é ser
conivente, é ser favorável inclusive ao crime que envolve esta questão,
já que maus tratos para com animais é crime conforme a legislação
brasileira.
Como
socióloga eu posso entender que existam aqui conceitos muito difíceis
de serem transformados, já que na cultura brasileira "é normal"
maltratarmos e explorarmos os animais para benefício humano. No caso
dos cavalos é "normal" usá-los até a exaustão!
Mas
mesmo a lei se transforma a partir da mudança dos hábitos. Por favor,
não seja tão passivo nesta questão acompanhe a nova tendência e faça
alguma coisa, conforme a maioria da população espera que seja feito em
relação aos cavalos!
A
égua Cigana morreu, mas não faça morrer a esperança de ver algum
governo municipal de Porto Alegre respeitar os animais e respeitar a
lei que pede respeito à vida.
Se
o senhor ainda não se deu conta, por viver ainda nesta geração que
ainda entende que explorar animais à exaustão, usá-los, sacrificá-los,
abandoná-los, e tantas coisas que nossa cultura é capaz de fazer aos
animais; se para o senhor isto é igualmente algo apenas “normal”, eu
acho que é momento para prestar atenção na impopularidade desta atitude
passiva e conivente com esta violência e nos termos da lei: maus tratos
para com os animais.
Segundo
a legislação brasileira, somos culpados de maus tratos para com um
animal quando sabemos que há maus tratos e nada fazemos e esta tem sido
sua posição nestes anos de governo.
Será
que o grau de naturalidade com que se vê a questão é tão entranhado em
nossa mentalidade que não percebemos pelo menos o crime que existe
nesta prática?
O
senhor é a pessoa que mais teria condições e poder para fazer alguma
coisa a respeito além das autoridades que fiscalizam a lei em outras
competências. Hoje eu apelo ao senhor!
Destinar
R$ 40.000, 00 para animais que sempre foram respeitados não nos faz
esquecer que há cavalos sendo cruelmente usados, sacrificados sem que
as autoridades façam alguma coisa!!!!!!! Fico feliz com sua política em
relação aos cães e gatos abandonados. Isto é inovador, com certeza, mas
é preciso também se ocupar dos cavalos.
É
preciso fazer alguma coisa. A questão dos cavalos não é apenas a
questão do lixo. Sim, ela está relacionada ao lixo, como está
relacionada ao trânsito, como está relacionada às condições precárias
da população gaúcha e brasileira, mas senhor prefeito, o senhor não
pode mais usar estes argumentos! Não que não existam estes problemas,
mas isto esconde a motivação com que o problema tem sido encarado pela
prefeitura!
A
população portoalegrense não aceita mais esta explicação, mesmo que ela
tenha elementos verdadeiros, mas é também verdade que a lei precisa ser
cumprida e que cavalos precisam ser respeitados. E a questão dos
cavalos não é a questão do lixo, do trânsito, mesmo que se relacione a
isto. A questão dos cavalos é a questão dos cavalos. Trata-se de
animais domésticos que recebem maus tratos! Este argumento é o
argumento da inércia, da imobilidade e não queremos mais isto. Queremos
mudança!
O
senhor quer sair do governo sendo lembrado como o prefeito omisso que
fez vista grossa à questão dos cavalos depois de tantos grupos pedirem
que alguma medida seja tomada?
Eu posso entender perfeitamente que seja uma questão politicamente difícil, porque também temos que cuidar dos carroceiros e eu
gostaria também que o senhor se ocupasse adequadamente dos carroceiros,
mas eu não creio que o senhor tenha ao longo do seu governo se ocupado
dos carroceiros nem dos cavalos.
O
senhor ocupou-se recentemente, quando já começava a ferver a questão
dos cavalos , de oferecer ajuda a um sério problema com os gatos e
cachorros abandonados. Porto Alegre trata mal os
animais, Porto Alegre abandona cachorros pela cidade, abandona gatos na
redenção e deixa cavalos morrer à exaustão!
Volto
ao ponto que o senhor não se deu conta: da impopularidade desta
atitude. O senhor não tem visto que há um novo paradigma trazendo uma
nova ética nesta cidade e no país? Não queremos mais que maltratem os
animais!
O senhor viu a reação da população para com a situação de uma família de corujas?
(Eu teria outros exemplos, mas uso este mais recente que mostrou que em 2008 não queremos mais que maltratem os animais!)
A
população toda disse: não queremos que as corujas sofram! Preferimos
que a cidade ficasse sem fogos, sem diversão e sem os R$ 27,00 que o
prefeito gastou!
Hoje
o prefeito de Capão da Canoa é uma das pessoas mais impopulares do
país, sim do país, porque em todo o Brasil, sua atitude de querer
sacrificar uma família de corujas para festejar o ano novo ficou muito
mal vista! (Assim como ficou mal visto seu desconhecimento e postura
ética em relação aos animais.)
Está nos jornais, nas colunas onde a população gaúcha e brasileira se manifestou.
Pois é, senhor prefeito. Sabemos que a situação é delicada, mas queremos que o senhor faça alguma coisa!
Queremos
que o senhor tenha vontade política o suficientemente forte para
resolver a situação dos carroceiros e dos cavalos de Porto Alegre. Não
se deixe absorver pela cultura da passividade com a qual os animais têm
sido explorados, sacrificados e maltratados neste país !
Também
vamos cobrar que a lei se cumpra junto às outras autoridades
competentes quanto a esta questão! Onde estão que não fazem nada quando
chamamos? Estamos felizes e orgulhosos com a atitude da Patrulha
Ambiental que protegeu a família de corujas e que hoje monta guarda ao
lado deles.
Sim, há muitas pessoas que se importam com os animais. Sim, nos gostaríamos que os carroceiros também fossem atendidos em suas necessidades
e o senhor tem condições de investir em uma solução, como já aconteceu
em outros lugares no Brasil e no mundo, onde os dois lados foram
observados. Estamos dispostos a colaborar no que pudermos e temos mesmo
sugestões e muita gente que poderia colaborar de bom grado.
Eu
não quero que a minha cidade seja lembrada por uma cidade que maltrata
animais e por ter governantes omissos com a questão! Eu pessoalmente
não gostaria mais de ver estas manchetes de Ciganas, Vitor e outros
tantos nomes de cavalos e éguas mortos sem o menor respeito da parte do
governo!
Pense com atenção nos carroceiros, nos cavalos sofridos de Porto Alegre e na população cansada de ver esta situação!
Por
favor, senhor prefeito, está na hora de fazer alguma coisa. Por favor,
opte em ser o primeiro prefeito de Porto Alegre a ser lembrado em fazer
algo para que cavalos não sejam maltratados. Repito, por favor, senhor
prefeito José Fogaça, ocupe-se dos carroceiros de Porto Alegre e
ocupe-se dos cavalos maltratados desta cidade.
Atenciosamente,
Eliane Carmanim Lima
CRP 07/04567
P.s:
No campo cópia estão alguns grupos de ativistas e defensores dos
direitos dos animais, assim como de protetores de animais, que se
importam e esperam alguma atitude e que sabem da inércia negligente com
que a questão é tratada para o senhor saber que não somos poucos. Veja
o exemplo das corujas.E junto aos mais ativos há uma grande massa de
brasileiros e brasileiras que se coloca favorável aos animais.
Parece que nos acostumamos a ver cavalos caindo pelas ruas de Porto Alegre, mas não é verdade. Esperamos e não cansamos de fazer a nossa parte. Faça a sua!
Para não esquecer veja estas manchetes tão comuns em Porto Alegre:
http://www.encontreaqui.com.br/
http://www.encontreaqui.com.br/carrocastemsolucao/
http://www.cetran.rs.gov.br/... E muitas outras manchetes...
A musiquinha que cantamos é bem diferente...
Porto Alegre têm carroças demais....
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/
Veja os comentários da população todos no mesmo tom de reprovação para com a prefeitura de Porto Alegre !
Apesar de animar médicos com leve melhora, quadro de grave de inanição levou animal à morte
A égua
Cigana, que comoveu os porto-alegrenses na última semana, depois de ser
encontrada agonizando num beco da Capital, acabou morrendo devido ao
grave quadro de inanição. Em 26 de dezembro, o animal apresentou uma
leve melhora e animou os médicos veterinários do Hospital de Clínicas
Veterinárias (HCV) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), porém, acabou não resistindo e indo a óbito no dia seguinte.
—
Ela conseguiu se levantar sozinha e vinha reagindo bem aos fluidos que
vinha recebendo, por isso, descartamos risco de vida naquele momento.
Mas a inanição era tão grande que a recuperação seria muito difícil e
ela acabou não resistindo — lamentou a residente Fernanda Silveira
Nóbrega, que tratou do eqüino.
Antes de ser levada ao
hospital, Cigana passou 24 horas abandonada, sem receber água ou
comida. A falta de dentes dificultava saber sua idade, mas Fernanda
acreditava que ela tivesse mais de 10 anos.
A égua pertencia a
uma família pobre, moradora do Beco Dona Mariana, bairro Restinga, zona
sul de Porto Alegre. Foi comprada há três meses por Adolmar Silva dos
Santos, de 29 anos, e sua companheira, Luciane Velasques, de 32 anos, e
inicialmente utilizada para puxar carroça. Nos últimos 15 dias, depois
de Santos conseguir um emprego fixo, apenas pastava próximo à casa onde
os dois moram com cinco filohos.